Confira prejuízos que caminhoneiros causaram

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Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

As paralisações (bloqueios ou interdições) das rodovias geradas por manifestantes bolsonaristas inconformados com o resultado das eleições chega ao quinto dia nesta sexta-feira (4/11). Entidades dos setores de combustíveis, alimentos, hospitais, indústria, entre outros, calculam prejuízos caso a situação não seja resolvida totalmente o mais breve possível.

Na manhã desta sexta, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou 15 interdições nas estradas de cinco estados. Os bloqueios totais foram todos liberados, segundo a corporação. O número de manifestações desfeitas chegou a 954.

Mesmo diante das ações de desbloqueio recentes, o estrago provocado até agora já deve ser significativo.

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), por exemplo, projeta que as perdas podem superar a greve dos caminhoneiros de 2018, que durou 10 dias e resultou no prejuízo diário de R$ 1,8 bilhão no setor de comércio.

A entidade ressalta que, inicialmente, as indústrias de produtos perecíveis serão as mais afetadas. Entretanto, outro fator que influencia nas perdas é a dependência das empresas dos serviços de entrega — fenômeno impulsionado pela pandemia.

“As perdas, no entanto, não se registrem à principal fonte de receitas do varejo, mas à elevação dos custos, especialmente daqueles relacionados ao transporte”, destaca estudo sobre o tema.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) chamou a atenção para o risco de falta de combustíveis caso as rodovias não sejam desobstruídas rapidamente. A entidade ressaltou que a paralisação já afeta o transporte de equipamentos e insumos para hospitais e matérias-primas para a indústria.

De acordo com os dados da organização, 99% das empresas brasileiras utilizam as rodovias para transporte de produtos.

A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) informou que aguarda a liberação das estradas “em prol do restabelecimento da normalidade do abastecimento nacional”.

O presidente da entidade, James Thorp Neto, apontou falta pontual de combustível em postos de alguns estados, como Santa Catarina.

No Distrito Federal, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicombustíveis-DF) estimou esta semana que o estoque de gasolina da capital pode durar apenas três dias. Com isso, o aumento nos preços já passou a ser observado nos postos.

Setores da saúde também sentem os efeitos das paralisações nas estradas. A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) pontuou que laboratórios registram dificuldades em transportar e abastecer insumos, como reagentes e contrastes, além de carregar amostras de pacientes.

A Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB) também manifestou, por meio de nota, a preocupação com a falta de medicamentos e suprimentos para as instituições.

“Fornecedores de gazes oxigênio e medicamentos alertam os possíveis atrasos nas entregas. Não há falta de oxigênio, mas a situação pode se agravar em 48h caso os bloqueios não sejam liberados”, destaca o comunicado. “Alguns medicamentos, como soro e Atropina, já apresentam estoques abaixo do ideal.”

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), informou, na quarta-feira (2/11), que monitora eventuais desabastecimentos na área de saúde motivados pela paralisação dos caminhoneiros. A agência oficiou órgãos responsáveis para garantir o fluxo dos insumos.

Levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgado na terça (1º/11) apontou que 70% dos supermercados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minhas Gerais, Rio de Janeiro e de Santa Catarina tiveram problemas de abastecimento causados pelos bloqueios.

O problema afeta, principalmente, a chegada de frutas, legumes e verduras, além de produtos de açougue, peixaria, frios e laticínios.

A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) chegou a registrar baixa no movimento durante o feriado de Dia de Finados, no entanto, nessa quinta-feira (3/11), a tendência foi de normalização no serviço. Segundo o chefe da Seção de Economia da Ceagesp, Thiago de Oliveira, ainda que alguns produtos estejam com oferta reduzida, não têm afetado a comercialização.

Empresas do setor aéreo também temem que a situação afete os serviços. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), as companhias podem sofrer com desabastecimento de combustível.

A GOL informou que o serviço pode ser afetado em alguns aeroportos. Já a Latam disse que as operações seguem normalmente, mas orientou aos passageiros que se desloquem ao aeroporto com antecedência para evitar transtornos.

A Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiro (Anatrip) alertou que as manifestações podem resultar em atrasos nas viagens. “A Associação espera que as autoridades adotem as providências para que o fluxo das estradas seja retomado o quanto antes.”

Metrópoles