Mantega terá papel secundário na Economia
Foto: Aílton de Freitas
O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), que coordena a transição para o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), anunciou nesta terça-feira os quatro nomes que vão compor o grupo técnico de Economia durante esse período. Chamou a atenção, no entanto, a ausência do ex-ministro Guido Mantega, que chefiou a Fazenda tanto em mandatos de Lula quanto da ex-presidente petista Dilma Rousseff.
À frente do Ministério da Fazenda desde 2006, último ano do primeiro mandato de Lula, Mantega conduziu a pasta ao longo de todo o segundo mandato do petista e seguiu no cargo com a eleição de Dilma, em 2010. O economista só deixaria o governo com a reeleição da ex-presidente, após ser relacionado com a crise econômica daquele período. Antes, ele também chegou a presidir o BNDES e foi ministro do Planejamento nos primeiros anos de Lula como presidente.
Apesar do histórico nos governos anteriores do petista, no entanto, Mantega ficou de fora da equipe econômica para a transição. Farão parte desse grupo os economistas André Lara Resende, Nelson Barbosa, Guilherme Mello e Pérsio Arida.
Ao anunciar o quarteto econômico, no entanto, Alckmin frisou que a presença durante a transição não garante participação no futuro governo. Ele foi questionado se Mantega teria algum papel na caminhada e adiantou que ele integrará algum dos grupos temáticos, sem especificar qual. O GLOBO apurou que Mantega deverá contribuir com a equipe que vai liderar a transição voltada ao Ministério do Planejamento, que será recriado em 2023.
André Lara Resende é um dos formuladores do Plano Real e declarou voto em Lula no primeiro turno das eleições presidenciais. O economista foi presidente do BNDES durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e, durante as eleições de 2018, assessorou a campanha da então candidata do Rede à Presidência Marina Silva.
Um dos pais do Plano Real e ex-presidente do BNDES e do Banco Central, Persio Arida também declarou voto em Lula.
Guilherme Mello, por sua vez, é professor da Unicamp, integra a Fundação Perseu Abramo e foi um dos principais porta-vozes da campanha para a área econômica.
Já Nelson Barbosa foi ministro da Fazenda de Dilma Rousseff.
Há divergências no pensamento econômico dos quatro, como visões mais liberais e ou desenvolvimentistas em cada um deles. Perguntado sobre isso, Alckmin que são visões complementares.
— Não são visões opostas, são complementares. É importante ter num grupo técnico visões que se complementam, se somam. É uma fase transitória para discutir, elaborar propostas, definir questões — afirmou Alckmin ao comentar sobre a composição da coordenação de economia.
Ele disse que garantir a recomposição do Orçamento é o mais urgente.
— O que é mais urgente é a questão social. Garantir o Bolsa Família de R$600 reais. Implementar os R$150 para família que tem a criança com menos de 6 anos. Por que? por que se a gente for identificar a pobreza absoluta, a fome, onde a questão social é mais grave é justamente nessa família com criança pequena.