Mega equipe de transição trabalha toda de graça

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Foto: Gabriela Ornelas/CB/D.A. Press

A equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sob a coordenação-geral do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), já conta com 283 integrantes. Desse total, apenas 14 foram nomeados formalmente (e estão recebendo salários), os demais 269 membros são voluntários.

Essa composição sugere uma equipe aparentemente inflada, e representa o maior grupo de transição entre governos eleitos desde a redemocratização. A lei de 2002, que regulamenta a passagem de um governo para o outro, prevê a nomeação de até 50 pessoas, em cargos remunerados. Mas a norma não impede a indicação de voluntários.

Esses 283 integrantes do time lulista estão distribuídos em 30 grupos temáticos, e dois subgrupos (Infância e Micro e pequena empresa), além do conselho político, todos sob a coordenação-geral de Alckmin, e três subcoordenadores: Floriano Pesaro (coordenação executiva), Aloizio Mercadante (grupos técnicos) e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (articulação política). A quarta coordenadora, responsável pela organização da posse, é a futura primeira-dama Rosângela Silva, a Janja.

Desperta receio que um time de colaboradores de tal dimensão acabe gerando ideias e propostas em profusão, gerando o risco de que, ao fim, não se convertam em políticas públicas concretas e não imprimam identidade e unidade ao futuro governo.

A principal alegação de alguns integrantes do time ouvidos pelo Valor para tal batalhão de colaboradores é de que eles estão participando de um “mutirão de radiografia da situação do governo atual e do país”. Trata-se de uma etapa transitória, mas é a oportunidade para fazer um mapeamento meticuloso da conjuntura e buscar soluções de diversas vozes.

O secretário-geral do PT, deputado reeleito Paulo Teixeira (SP), que integra o grupo temático sobre Justiça e Segurança Pública, ponderou que o partido tem uma “tradição de ampla participação popular” na elaboração de políticas públicas e que esse elevado número de colaboradores representa a “frente democrática” de 15 partidos que ajudou a eleger Lula – eram dez inicialmente e mais cinco aderiram no segundo turno, inclusive o PDT. O conselho político coordenado por Gleisi ainda agregou representantes do MDB e do PSD, que se uniram a Lula na transição.

Teixeira acrescentou que todos os grupos têm um coordenador e um cronograma de trabalhos para apresentar um relatório final ao coordenador-geral. O grupo da Justiça, ao qual ele pertence, é um dos mais numerosos, com 17 integrantes. Em paralelo, aliados de Lula argumentam que Alckmin e Mercadante são dois quadros reconhecidos pelo perfil metódico, de organização e capacidade de trabalho.

Vale lembrar, todavia, que o time que colaborou para a transição do governo de Jair Bolsonaro em 2018 era menor do que o de Lula, mas não deixava de ser expressivo. Segundo edição do “Diário Oficial da União” de 13 de dezembro daquele ano, eram 217 colaboradores, distribuídos em 18 grupos temáticos. A equipe de Paulo Guedes, depois nomeado ministro da Economia, tinha 22 pessoas e era a maior. A equipe de transição de Lula na economia conta com apenas quatro participantes.

Valor Econômico