Alckmin garante que Tebet será ministra

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Foto: Reprodução

O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) representou o futuro governo em um jantar promovido na noite de ontem, 14, pelo ex-presidente do Senado e deputado eleito Eunício Oliveira (MDB-CE) junto com outros emedebistas. Segundo relatos de presentes ouvidos pelo Estadão, o ex-governador de São Paulo afirmou que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) tem uma vaga garantida na Esplanada dos Ministérios do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Apesar disso, há uma indefinição sobre qual será a pasta. Tebet tem preferência pelo Ministério de Desenvolvimento Social, mas o cargo é desejado pelo PT, que tem pressionado Lula para não cedê-lo para a emedebista. Diante do impasse, parlamentares do MDB chegaram a aconselhar Tebet a não fechar portas para outros ministérios, como o da Agricultura, mas ainda não há definição.

Terceiro lugar na eleição presidencial deste ano, Simone Tebet foi o principal reforço do campo de centro na campanha lulista no segundo turno. Antes mesmo de o MDB adotar uma posição, a parlamentar já indicou na noite do resultado do primeiro turno que embarcaria na campanha petista.

Diferentes alas do partido estavam representadas no jantar e o encontro contou a presença de nomes como o da própria senadora Simone Tebet, do presidente da legenda, Baleia Rossi, do senadores Renan Calheiros (AL), Jader Barbalho (PA), Eduardo Braga (AM) e do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.

Lula não pôde participar do jantar porque teve que viajar de Brasília para São Paulo para participar da festa de Natal da associação dos catadores de lixo, evento que ele participa tradicionalmente desde 2003. Alckmin ficou no jantar até cerca de meia noite, mas o evento continuou até duas da manhã desta quinta-feira, 15, junto com a presença de Eunício, o anfitrião, e de Renan, Braga, Ricardo Nunes e outros,

A legenda tenta fazer três indicações para ministérios, uma feita por senadores, outra por deputados e uma terceira bancada pela presidência nacional do partido, que se mobiliza pela escolha de Tebet. Lula já sinalizou que haverá espaço para apenas duas escolhas, mas o partido tenta negociar. Os próprios integrantes do MDB dizem que o cenário ainda está indefinido e vai depender de como o presidente eleito vai equacionar as demandas de outros partidos.

 

A senadora do Mato Grosso do Sul deseja comandar a pasta de Desenvolvimento Social, que é responsável por programas sociais, o principal deles o Bolsa Família. Considerado uma importante vitrine eleitoral, o PT resiste a Tebet no cargo e tem pressionado Lula fortemente para que um petista seja o ministro, o nome avaliado pela legenda é o de Tereza Campello, que já comandou a pasta. Campello, no entanto, deve ir para o BNDES na gestão de Aloizio Mercadante.

Dentro das indicações que cabem ao Congresso, o senador Renan Calheiros (AL) e o governador do Pará, Helder Barbalho, comandam os grupos com mais força interna dentro da legenda. Como mostrou o Estadão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) quer Minas e Energia para Renan Filho. Dentro da Câmara, Helder se movimenta para indicar o deputado José Priante, seu primo, para o Ministério do Desenvolvimento Regional. Apesar disso, uma ala do MDB da Câmara teme que o indicado seja Jader Filho, que não tem mandato e não é próximo dos parlamentares da legenda. Ele é irmão de Helder e filho de Jader e seria encarado como uma escolha pessoal da família.

A briga interna ainda não envolve uma equação com outras legendas. A pasta de Minas e Energia é cobiçada também pelo União Brasil, que tenta emplacar o deputado Elmar Nascimento (BA). Petistas da Bahia tentam convencer Lula a não escolher Elmar, que já fez diversas críticas ao presidente eleito, inclusive falando sobre a prisão dele em 2018. Apesar disso, a bancada do União Brasil faz questão de que Elmar seja escolhido para um ministério. Além da disputa entre partidos, há um embate regional, o deputado da Bahia é aliado próximo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que é rival de Renan Calheiros.

Ex-ministro, Eunício é deputado eleito e também chegou a se movimentar emplacar seu nome na cota da Câmara. Seu nome é visto com menos força, mas, como foi um dos primeiros a trabalhar por Lula dentro do partido, uma ala do MDB não descarta a possibilidade de ele conseguir uma pasta de menor expressão eleitoral, mas que o deixe em evidência e permita fazer pronunciamentos e ter apelo midiático. No entanto, isso vai depender do espaço que Lula vai estar disposto a ceder para o partido na Esplanada. A aliados, Eunício afirmou que não pretende tentar ser ministro e que vai ficar pelo menos um ano exercendo o mandato de deputado antes de considerar tentar um cargo no governo.

Estadão