Lula anunciará todo ministério até quarta

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Foto: Ana Paula Paiva/Valor

De volta a Brasília, após passar o Natal em São Paulo, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concluirá a formação do futuro ministério, com o anúncio dos titulares das 16 pastas restantes previsto para quarta-feira. Os principais impasses ainda envolvem o destino da senadora Simone Tebet (MDB-MS), e o titular do Ministério do Planejamento.

Na sexta-feira, Lula definiu que a deputada eleita por São Paulo (Rede) Marina Silva será a ministra do Meio Ambiente. Ele queria outro desenho para o Meio Ambiente, que contemplava Simone Tebet no comando do ministério, e Marina à frente da Autoridade Climática, função vinculada à estrutura da Presidência. Tebet aceitaria a missão mediante o aval de Marina, o que não ocorreu.

Segundo parlamentares a par dessas tratativas, Marina declinou do convite, argumentando que a Autoridade Climática é cargo técnico, e deve compor a estrutura do Meio Ambiente. Ciente de que precisa de Marina porque ela é uma liderança ambiental com respaldo internacional, Lula a convidou para a pasta. A deputada da Rede não revela o convite publicamente, mas seus aliados confirmam que ela reassumirá o cargo que exerceu no primeiro governo Lula durante cinco anos e meio, de 2003 até maio de 2008.

Esse movimento reacendeu a incerteza em torno do espaço de Tebet. Lula tenta convencer o MDB a aceitar a direção de dois ministérios. A pasta dos Transportes ficaria com o senador Renan Filho (MDB-AL), enquanto Tebet iria para o Ministério das Cidades.

Vitrine eleitoral, Cidades é disputado por MDB e União Brasil. Mas o MDB não reivindica a pasta para Tebet, e, sim, para o deputado José Priante (MDB-PA), aliado do governador reeleito do Pará, Hélder Barbalho (MDB).

Em relação ao Planejamento, o favorito para a pasta continua sendo o economista André Lara Resende, que rejeitou o primeiro convite. Mesmo assim, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda nutre expectativa de uma reviravolta.

Se Lara persistir na negativa, é cotado para o posto o líder do PT na Câmara, deputado Reginaldo Lopes. Serão anunciados até quarta-feira os futuros ministros ligados aos partidos do centro, que não fizeram campanha para Lula. A cota do PSD ficará com o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) no Ministério da Agricultura, e com o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) no Ministério de Minas e Energia, contemplando o grupo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Um movimento fundamental para a escolha de Fávaro – e que contou com a digital do ex-ministro Blairo Maggi, aliado de Lula – foi a mudança de partido dos dois suplentes. Margareth Buzzeti e José Lacerda, que eram do PP, migraram para o PSD. Havia o temor de que Fávaro no ministério desfalcasse a bancada governista no Senado, já que Buzetti (primeira suplente) apoiou o presidente Jair Bolsonaro (PL).

O deputado federal Neri Geller (PP-MT), que também era cotado para a Agricultura, ficará com a presidência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), um dos postos mais concorridos do segundo escalão.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), que atuou por Lula no Estado, reivindica a pasta do Turismo para o deputado reeleito Pedro Paulo (PSD-RJ), mas o União Brasil e o MDB também miram o espaço.

Em relação ao grupo político do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), formado por cerca de 150 deputados que seguem a liderança do alagoano, está avançada a indicação do líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA) para o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional. Pelo acordo, a pasta será entregue, juntamente, com a cobiçada Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf).

Ampliando a cota de ministros do PT, o deputado federal Paulo Pimenta (RS) assumirá a Secretaria de Comunicação Social (Secom), que voltará à estrutura do Palácio do Planalto, com status de ministério.

Caberá ao deputado reeleito e secretário-geral do PT, Paulo Teixeira (SP), o comando das Comunicações. Alçado ao primeiro escalão, Teixeira terá que se afastar da Executiva Nacional, abrindo uma vaga na cúpula partidária. O mais cotado para o espaço é o deputado federal eleito Lindbergh Farias (RJ).

Ainda deve ficar com o PT a pasta do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. O PT gaúcho tentou emplacar o deputado estadual Adão Pretto, que concorreu ao governo do Rio Grande do Sul. Mas como Pimenta assumirá a Secom, a pasta deve ir para outro grupo petista.

Resta definir Pesca e Aquicultura, e a Previdência Social. O primeiro está na mira de PV, Solidariedade e Avante. Mas Solidariedade prefere Previdência, que iria para o presidente da sigla, o deputado não reeleito Paulo Pereira da Silva.

Lula deve indicar a ex-jogadora de vôlei Ana Moser no Ministério do Esporte, e a deputada eleita Sonia Guajajara (Psol-SP) no Ministério dos Povos Indígenas. Se forem confirmadas, bem como Tebet, subirá para dez as mulheres no primeiro escalão.

Valor Econômico