Marina tem reconciliação completa com PT

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Foto: Ricardo Stuckert/Campanha de Lula

Nunca antes, em seus 30 anos de história, o Ministério do Meio Ambiente foi tão disputado. É o efeito bumerangue da ruína imposta ao sistema ambiental brasileiro nos quatro anos Bolsonaro. Luiz Inácio Lula da Silva prometeu parar o desmatamento e priorizar a agenda climática, e a cooperação internacional disse que irá atender ao chamado. O MMA pode sair do fundo do poço para se tornar uma pasta robusta, com recursos e sob os holofotes.

O nome de Marina Silva, ex-ministra de Meio Ambiente de Lula em seu primeiro mandato e parcialmente no segundo, deve ser confirmado em questão de horas. O presidente eleito tinha uma série de bons nomes para escolher para a pasta. A ex-senadora, famosa internacionalmente, era o mais forte. “Ela só não será ministra se não quiser”, disse um interlocutor próximo.

Lula sempre quis que Marina voltasse a comandar o MMA. Em seu encontro, na sexta-feira, discutiram como a transversalidade do tema estará presente nas ações de governo e como Lula será o articulador dessa política. Trata-se de uma mudança radical na gestão das políticas governamentais.

A figura da Autoridade Climática não foi discutida no encontro. Na visão de Marina, trata-se de um cargo de perfil técnico, que coloque o país na trilha correta para cumprir as metas do Acordo de Paris.

A ex-ministra de Dilma Rousseff, Izabella Teixeira, um dos nomes favoritos do agronegócio para a pasta ambiental, tem outra concepção de autoridade climática. Teria de ser alguém ao lado da Presidência da República, com status de ministro e força para colocar os outros ministérios na rota da descarbonização.

A deputada eleita Marina Silva conta com a admiração do vice-presidente Geraldo Alckmin e do futuro ministro da Fazenda Fernando Haddad, duas pessoas de muito prestígio junto a Lula.

Entre alguns quadros petistas, contudo, há resistência ao nome de Marina. Circulou a crítica de que a ex-senadora seria “indemissível”, como se ser competente e reconhecida a desqualificasse.

Houve uma articulação, mal sucedida, de sugerir o nome da senadora Simone Tebet (MDB) para o MMA. Tebet deve ser a ministra do Planejamento de Lula. O problema nunca foi o MMA, mas contemplar a fome do MDB por uma pasta com muitos recursos e capilaridade.

O cargo de ministro do Meio Ambiente do Brasil foi cobiçado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que em fevereiro desistiu da pré-candidatura a governador do Amapá para integrar o núcleo da campanha presidencial do PT.

O ex-senador e ex-governador do Acre Jorge Viana (PT), que coordenou o núcleo de transição do Meio Ambiente, também surgiu como candidato à pasta em um momento.

Ao contrário de 2003, Marina Silva, quando formalizada como ministra, terá que montar sua equipe com pessoas mais próximas de Izabella Teixeira e também do PV, que tem reclamado não ter recebido cargos.

Especula-se que o Partido Verde, de pouca expressão no Brasil, poderia ficar com o Ibama ou o ICMBio.

Valor Econômico