Moro deve se filiar a partido de Bolsonaro

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Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

De olho na corrida pela presidência do Senado, líderes e dirigentes do PL tentam convencer o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, a aceitar uma eventual filiação do senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR) como parte de uma ofensiva para aumentar ainda mais a bancada da sigla na Casa. As conversas buscam quebrar uma resistência que Costa Neto teria ao nome do ex-juiz – Moro foi auxiliar da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante o julgamento do mensalão, quando o cacique terminou preso.

A partir de fevereiro, o PL terá 14 senadores no Congresso, mas os dirigentes do partido trabalham nos bastidores para aumentar este número e, consequentemente, fortalecer o nome de Rogério Marinho (PL-RN) para a presidência da Casa. Ele deve disputar o cargo contra o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que é o atual presidente da Casa.

As sondagens junto a Costa Neto foram feitas depois que parlamentares do PL receberam recados de um suposto “desconforto” de Moro com a aproximação entre União Brasil, seu atual partido, e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Nas últimas semanas, o partido dele passou a pleitear alguns ministérios na Esplanada e, em troca, sinaliza com um possível ingresso na base aliada da gestão petista.

Além do passado de Moro junto ao processo do mensalão e à Operação Lava-Jato, outro obstáculo que dificulta um acerto entre as duas partes é uma ação que coloca o ex-juiz e o PL em lados opostos na Justiça. Isso porque o diretório do partido no Paraná questiona a eleição de Moro em 2022 sob a acusação de abuso de poder econômico.

Os dirigentes do partido acreditam que a decisão judicial deve ser favorável ao ex-juiz enquanto o processo estiver no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná, mas apostam numa reviravolta quando o caso chegar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A expectativa da legenda é que Moro pode perder seu mandato a partir da análise da Corte.

Além disso, a cúpula do PL do Paraná resiste a ceder espaço para o senador eleito no comando local do partido. É praxe que senadores, quando ingressam numa nova legenda, assumam também a presidência da sigla em seu respectivo Estado.

Segundo pessoas próximas a Costa Neto, a única concordância dele por enquanto foi em relação à negociação para que Moro apoie a candidatura de Rogério Marinho. De acordo com interlocutores, o presidente do partido permitiu que emissários digam que o PL pode “tirar o pé” da ação judicial no TRE se o senador do Paraná topar dar apoio a Rogério Marinho.

Questionado sobre possíveis sondagens, Moro disse que está “focado no bom exercício de meu mandato em 2023 e em fortalecer o União Brasil no Paraná.” Enquanto isso, o PL acertou todos os detalhes para anunciar a chegada de outro nome do União Brasil. Trata-se do senador Chico Rodrigues, de Roraima. Com o ingresso de Rodrigues, o PL aumenta sua bancada para 15 senadores a partir de fevereiro.

Em reação, o PSD de Rodrigo Pacheco conseguiu a filiação da senadora Zenaide Maia (RN), que estava no Pros, e de Margareth Buzetti (MT), que é suplente do senador Carlos Fávaro (PSD-MT) e estava no PP. Caso Fávaro assuma mesmo como ministro da Agricultura da gestão Lula, Margareth será empossada como senadora no lugar dele. Somando as duas, o PSD passa a ter 13 senadores.

Valor Econômico