2/3 da segurança do Senado foi retirada no dia do ataque

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Foto: Mariana Muniz

O coordenador-geral da Secretaria de Polícia do Senado, Gilvan Xavier, afirma que havia apenas 20 policiais, o aquivalente a um terço do contingente, trabalhando na Casa no domingo, quando golpistas invadiram e depredaram o Congresso. Xavier conta ainda que, horas antes do ataque, ele foi informado pelo setor se inteligência do órgão que havia cerca de 5 mil manifestantes na Esplanada caminhando rumo à Praça dos Três Poderes.

Gilvan Xavier afirma que montou uma força-tarefa para identificar os golpistas e as falhas de segurança ocorridas na ocasião. Nesta sexta-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, entregou ao procurador-geral da República, Augusto Aras, uma lista com 38 nomes de suspeitos de terem participado dos ataques ao Congresso.

– A gente montou uma força-tarefa aqui para ver onde teve falha, erro. A gente está tentando ver onde pode ter sido o furo. Está tudo em processo de análise. É precipitado falar que teve algum culpado – diz Xavier ao GLOBO.

Assim que os golpistas invadiram o Senado, os demais policiais legislativos foram convocados, a a tropa passou a contar com 60 agentes, contingente total. Àquela altura, contudo, os prédios já haviam sido depredados, conta Xavier.

– A gente estava em torno de 60 policiais, no final de tudo. Eles foram convocados no momento em que a gente estava com em torno de 20, no início – diz Xavier.

Em depoimento prestado à própria pela Polícia Legislativa, ao qual O GLOBO teve acesso, Xavier contou que atuou na prisão de 38 golpistas dentro do plenário do Senado. Ele afirmou ainda que os viu soltando rojões e usando estilingues para disparar bolas de chumbo e bolas de gude.

Xavier e sua equipe estão analisadno as imagens das câmeras de segurança em busca de culpados pelas depredações. Vários equipamentos que flagraram a invasão da Casa, contudo, foram danificados pelos vândalos. Além disso, a claridade exacerbada em alguns pontos e o pó de extintores lançados para conter focos de incêndio dificultam a análise das imagens.

– A força-tarefa está analisando tudo desde o começo para ver as fases. Se teve, se não teve, quem foi, de quem não foi – resume.

Xavier afirma que a falta de servidores na Secretaria de Polícia do Senado foi o principal problema para conter os invasores. O policial afirma que o departamento conta com 118 funcionários atualmente. Ele diz, porém, que 50% têm mais de 55 anos de idade. Além disso, sempre há servidores em férias e afastados por questões médicas.

– O nosso problema é de matéria humana. Não adianta a gente ter muito equipamento, mas não ter quem o use. Hoje o que a gente carece é matéria humana.

A assessoria de imprensa do Senado informou que todo o efetivo disponível da Secretaria de Polícia do Senado está sendo utilizado atualmente. Acrescenta que há planos de se aumentar o contingente ao fim de um concurso que está em andamento.

O Supremo Tribunal Federal (STF) informou, em nota, que segue com o reforço de agentes da Polícia Judicial de outros tribunais, conforme ocorreu em eventos como o Sete de Setembro. Após os episódios de domingo, a corte ampliou os pedidos para que os policiais permaneçam trabalhando no STF de forma permanente. Além disso, duas empresas de vigilância privada prestam serviço à corte.

A administração do tribunal também estuda a troca das vidraças que foram quebradas por janelas blindadas. Tentativas recentes de blindagem dos vidros, contudo, enfrentaram impedimentos administrativas por parte do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), porque o prédio é tombado.

As equipes de guarda-costas que acompanham os ministros também estão reforçadas desde o Sete de Setembro. Uma barreira feita pela Força Nacional de Segurança Pública foi montada na frente do prédio. “O STF conta com reforço frequente de homens da Força Nacional desde a intervenção federal”, informa um trecho da nota enviada pela corte.

A Secretaria de Comunicação do Planalto (Secom) não se manifestou. O GLOBO apurou que há uma previsão para que as câmeras do prédio sejam trocadas por aparelhos mais modernos.

Do lado de fora, é possível ver marcas de queimado na calçada do térreo e pedaços de rojões dentro dos espelhos d’água.

O Globo