Ataque aos Palácios só funcionou por conta das caravanas golpistas

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Foto:Cristiano Mariz/Agência O Globo

Relatório da Advocacia-Geral da Uniao (AGU) sobre o fretamento de ônibus usados para transportar manifestantes golpistas mostra que ao menos 2.851 pessoas viajaram a Brasília entre a quinta-feira e o domingo, dia dos atos de terrorismo.

O destino da maioria dessas pessoas era o acampamento bolsonarista montado em frente ao Quarte-General do Exército, ponto de partida da horda que invadiu as sedes dos Poderes, deixando um rastro de destruição.

Naquela mesma semana, o Exército havia registrado uma redução no número de pessoas no acampamento. Na segunda-feira, por exemplo, a informação oficial era que cerca de 300 pessoas ainda permaneciam no local.

Com as novas convocações, esse contingente cresceu quase dez vezes. Em depoimentos prestados à Polícia Civil, obtidos pelo GLOBO, alguns dos presos no domingo, porém, afirmam ter viajado a Brasília por meios próprios. Portanto, o número de pessoas no QG e na Esplanada dos Ministérios no domingo era maior.

Como revelou o GLOBO, a AGU identificou 73 veículos, pagos por 59 pessoas físicas ou empresas diferentes, que são alvo de pedido de bloqueio de bens até o valor de R$ 6.539.100. Segundo o pedido, os valores devem ser usados para garantir reparos a danos materiais causados pelos radicais extremistas no Congresso Nacional, no Palácio do Planalto e no Supremo Tribunal Federal (STF).

O levantamento da AGU foi feito a partir de uma lista fornecida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) com todos os ônibus fretados que chegaram ao Distrito Federal nos dias anteriores aos atos golpistas.

A partir dessas informações iniciais, foi feito um cruzamento com os veículos que foram apreendidos após o quebra-quebra. Com esses dados, a AGU chegou aos patrocinadores de cada viagem.

Os 73 veículos identificados pela AGU partiram de nove estados das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. São Paulo foi a principal origem (29), seguido do Paraná (19) e Minas Gerais (16). Em média, cada ônibus levava 39 passageiros.

Alguns dos ônibus registraram como destino final a Esplanada dos Ministérios ou a Praça dos Três Poderes, onde foi realizada a manifestação.

Outros também colocaram o Quartel-General do Exército ou a Praça dos Cristais, onde estava localizado o acampamento.

A ANTT informou a data de início das viagens, mas não o dia previsto da chegada de Brasília. Dois ônibus partiram ainda no dia 5 de janeiro. O maior fluxo, porém, foi na sexta-feira, 6, antevéspera dos atos, quando saíram 63 veículos, com 2.538 pessoas. Cinco ônibus saíram no sábado e três no próprio domingo.

No pedido de bloqueio de bens, apresentado à Justiça Federal, a AGU afirma que, ao pagar pelo deslocamento de manifestantes que cometeram o vandalismo, essas pessoas “tiveram papel decisivo” nos acontecimentos de domingo e que por isso “devem responder pelos danos causados ao patrimônio público”.

O Globo