Bolsonarismo da PF sofre golpe fatal

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Foto: Rovena Rosa

Ex-presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) por 17 anos consecutivos e responsável por aproximar a entidade do hoje ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no período de 2019 a 2022, o empresário e político Paulo Skaf (Republicanos) participou como convidado de reunião da diretoria da federação, realizada nessa segunda-feira (30), ao lado do ministro da Fazenda do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

Ambos foram convidados pelo presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, que, na semana passada, contou com a influência de Skaf na entidade para debelar uma crise que ameaçava apeá-lo da presidência, travada com diretores de sindicatos patronais que se opunham ao estilo de gestão do atual comandante da federação. Em uma tumultuada assembleia realizada no dia 16 de janeiro, 47 sindicatos votaram pela destituição de Josué e a contenda por pouco não parou na Justiça.

Antecessor de Josué na entidade, Skaf foi convidado para ocupar a mesa e sentou-se ao lado do número dois do Ministério da Fazenda, o secretário-executivo da pasta Gabriel Galípolo. Ao anunciar os presentes, Josué fez questão de “fazer um cumprimento especial ao nosso ex-presidente Paulo Skaf”.

Na avaliação de diretores da Fiesp ouvidos sob reserva, a presença de Skaf na reunião da diretoria indica, por um lado, que Josué está preocupado em sinalizar com clareza ao grupo que lhe fez oposição política que sua gestão será mais participativa – a principal queixa dos sindicatos que se amotinaram contra Josué a partir de meados de outubro do ano passado se fiava no argumento de que o empresário, acusado de ser centralizador, reservaria pouco espaço às pequenas e médias empresas na estrutura de comando da entidade.

Ainda conforme a leitura dessas fontes, a presença de Skaf na mesa da reunião de diretoria também envia uma mensagem clara à ala da Fiesp que rejeita o PT e o presidente Lula. Enquanto o bolsonarismo ainda era gestado, em 2015, a entidade posicionou-se favoravelmente ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), que perdeu o mandato em 31 de agosto de 2016. Em 14 de dezembro de 2015, então presidida por Skaf, a Fiesp formalizou apoio ao processo de impeachment afirmando em comunicado que o país estava “à deriva”.

Valor Econômico