Disputa no Senado será show de traições

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Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

A eleição à presidência do Senado ocorrerá nesta quarta-feira (01) e os grupos políticos de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Rogério Marinho (PL-RN) buscam indecisos, investem nas migrações partidárias de última hora e apostam nas traições proporcionadas pelo voto secreto para vencerem a disputa.

Com apenas três senadores, o PSDB deve dar seus votos a candidatos alinhados à pauta bolsonarista. Segundo o líder Izalci Lucas (DF), o apoio do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Pacheco faz com que os tucanos rejeitem apoiar a recondução do atual presidente do Senado. Izalci e o senador Alessandro Vieira (SE) votarão em Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), enquanto Plínio Valério (AM) votará em Eduardo Girão (Podemos-CE).

Com poucas chances, Girão apresenta-se como independente, mas apoia a maioria das pautas da agenda conservadora defendida pelos bolsonaristas.

O Valor entrou em contato com as assessorias de Valério, que confirmou voto em Girão, e Vieira, que afirmou que segue em conversas.

Izalci diz que ainda está tentando convencer Valério e o próprio Girão a se juntarem ao grupo pró-Marinho já no primeiro turno. A eleição ao comando do Senado ocorrerá nesta quarta-feira, a partir das 15h. Caso algum dos candidatos atinja 41 dos 81 votos, estará eleito. Se ninguém chegar ao número no primeiro turno de votação, será realizado um segundo turno entre os dois primeiros colocados.

O PSDB tinha seis senadores na legislatura passada, mas Tasso Jereissati (CE) e José Serra (SP) estão concluindo seus mandatos e não disputaram a reeleição. A senadora Mara Gabrilli (SP) anunciou sua desfiliação do partido e ingressou no PSD, declarando voto em Pacheco.

No grupo governista, o PSB está acertando novas filiações para engrossar o grupo favorável a Pacheco, que é favorito. Hoje, o partido do vice-presidente Geraldo Alckmin filia o senador Flávio Arns (PR), que está de saída do Podemos. O mesmo partido já havia perdido, na última semana, Jorge Kajuru (GO) também para o PSB, que convidou ainda Chico Rodrigues (União-RR). Se bem sucedido, o PSB alcançará quatro cadeiras. Nas eleições de 2022, o partido havia eleito apenas Flávio Dino (MA) para o Senado – nomeado ministro da Justiça, ele deixará Ana Paula Lobato (PSB) em seu lugar.

Cinco senadores foram escolhidos por Lula para ministérios, mas todos devem participar da eleição que escolhe o presidente do Senado e a Mesa Diretora.

Quatro deles, por terem sido eleitos no último pleito e obrigatoriamente terem de assumir o mandato. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD-MT), está no meio do mandato, mas também deve se licenciar por um dia para participar da eleição interna. Sua suplente, Margareth Buzetti (PSD-MT), já expôs publicamente posições contrárias ao presidente Lula.

A presença dos ministros é também um reforço na articulação em favor de Pacheco, já que os senadores, mesmo os de oposição, querem manter uma boa relação com os comandantes das pastas da Esplanada, com vistas a liberar recursos para seus Estados.

O PL coloca suas fichas para conseguir eleger Marinho no oferecimento de cargos na Mesa, deixando de lado nomes da própria sigla e focando em “valorizar” senadores que mudarem o voto para o candidato da legenda, com posições na mesa diretora e nas principais comissões da casa, segundo interlocutores.

Independentemente do resultado, o PL planeja uma oposição forte contra o governo Lula no Senado. A liderança oposicionista ficará a cabo do senador Carlos Portinho (RJ). Flávio Bolsonaro seguirá no comando do partido. Segundo fontes ouvidas pelo Valor, o filho do ex-presidente voltou da temporada nos Estados Unidos ao lado do pai decidido a desempenhar um papel antagônico ao governo.

Valor Econômico