Fiesp pode derrubar hoje filho de José Alencar

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Foto: Reprodução/Fiesp

Um ano depois de assumir o comando de uma das entidades mais importantes do Brasil, o empresário Josué Gomes da Silva poderá ter seu destino na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) selado na próxima segunda-feira (16).

Essa é a data em que está marcada a assembleia dos representantes dos sindicatos associados e que definirá se o dono da Coteminas deve ser destituído ou não do cargo. Leia mais: Relembre: Ameaçado de destituição, Josué Gomes é reconhecido por bom trânsito entre políticos.

A assembleia, chamada por Josué por meio de um edital publicado em dezembro, atende a um pedido de 86 dos 112 sindicatos associados. No centro da pauta da reunião está um pente fino sobre a gestão do empresário, que assumiu em janeiro de 2022 a cadeira, ocupada por quase duas décadas por Paulo Skaf.

Na prática, a assembleia poderá culminar na destituição do empresário do cargo e já foi batizada nos corredores da entidade de “golpe da Fiesp”. Procurado, Josué não respondeu ao pedido de entrevista. Já a Fiesp não comenta sobre o assunto. Ao longo dos últimos dias, alguns dos sindicatos que haviam assinado o pedido de convocação de assembleia teriam voltado atrás, entendendo que uma destituição poderia afetar a imagem da federação, disse uma fonte.

Oficialmente, a pauta da assembleia, dentre os diversos itens, aponta que é preciso esclarecimentos de Josué sobre reuniões em Brasília como presidente da entidade e as razões para a assinatura do manifesto em prol da Democracia, no ano passado. Uma das alegações dos que têm se posicionado contra Josué é que ele dedica pouco tempo para as obrigações da presidência da Fiesp.

Dono da Coteminas, Josué tem se dividido entre a federação e a empresa da família e não tem tido tempo, afirmaram fontes, para todas as reuniões e demandas inerentes à posição. “O Josué dará todas as explicações pedidas”, disse uma das fontes consultadas pelo Valor.

Essa mudança de opinião estaria ocorrendo após um período de conversas com alguns dos sindicatos, disse uma fonte. Segundo ela, muitos dos grupos estavam “desavisados” e não teriam entendido que o propósito da assembleia é de tirar Josué do cargo. De todo modo, o entendimento do grupo que apoia o atual presidente é que nenhum dos itens da pauta pode efetivamente tirar Josué do cargo, tendo em vista o próprio estatuto da Fiesp.

Segundo documento que o Valor teve acesso, a perda de mandato pode ocorrer em apenas cinco situações: malversação ou dilapidação do patrimônio social, grave violação do estatuto, abandono do cargo, aceitação de transferência (saída do Estado de São Paulo) ou conduta incompatível com a ética”. “Não existe fundamento jurídico para a saída dele”, disse uma das fontes.

Chegou a ser cogitada a possibilidade de que o caso poderia ser judicializado por Josué, que tem no seu time de advogados o jurista Miguel Reale Jr. O empresário, filho do ex-vice-presidente José Alencar, morto em 2011, chegou a ser convidado para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), recriado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas o empresário recusou o convite.

Alguns representantes de sindicatos apontavam que essa poderia ser uma saída honrosa para o empresário. Dentre os vice-presidentes da Fiesp que podem assumir, caso se confirme a saída de Josué, estão Rafael Cervone Netto, o nome mais próximo de Skaf, Dan Ioschepe e Marcelo Campos Ometto.

Valor