Golpista preso acusa Exército de cumplicidade

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Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Em um áudio que circula em grupos bolsonaristas, ao qual o Metrópoles teve acesso, uma participante dos atos terroristas que destruíram as sedes dos três Poderes, em Brasília, chama atenção dos companheiros e pede que parem de hostilizar o Exército Brasileiro. Conforme relatado pela mulher, o órgão, vinculado ao Poder Executivo, teria dado assistência aos criminosos durante e após o quebra-quebra ocorrido no domingo (8/1).

Segundo a bolsonarista, que não se identifica na mensagem, o Exército teria “protegido e abrigado” os extremistas no Quartel-General e os “avisado” sobre a chegada da polícia. “Não falem do Exército. Vocês não viveram o que a gente viveu. Se não fosse por eles, eu não sei o que teria acontecido com o povo. Os comandantes de Brasília foram presos porque eles acoitaram o povo”, começou a mulher.

“A gente saiu da Esplanada e não tínhamos para onde ir. O Lula decretou intervenção federal, e os policiais foram tudo para a porta. Era viatura que não acabava mais. Eles iam massacrar o povo, e quem não deixou que fossemos massacrados foram os comandantes, que agora estão presos. Eles foram presos porque não acataram a ordem do Lula. Então, não falem do Exército”, declarou.

Em certo momento, a extremista diz que o Exército está “ao lado do povo” e que, por isso, deu “cobertura” para que os terroristas escapassem da polícia. “O Exército deixou a gente ficar lá [Quartel General] e depois nos avisou a hora de sair”, pontuou.

“A maioria que foi preso é porque foi teimoso, esperou e não acatou a ordem. Foi o Exército que nos falou ‘sai, vai embora. Agora é a hora’”, descreveu a bolsonarista.

Segundo ela, o órgão vinculado ao Executivo teria avisado os vândalos sobre a chegada da polícia ao QG, às 6h da segunda-feira (9/1). “Avisaram a gente. Quem ficou lá preocupado com barraca foi preso. A gente largou tudo. Eu não tinha barraca porque fui dois dias apenas. Quem largou tudo conseguiu sair da cidade. Portanto, sem o Exército, todo mundo teria ficado no local. Então, parem de ficar metendo o pau no Exército. Eles são a nossa única esperança”, finalizou.

O Metrópoles tentou contatar o Exército Brasileiro, mas até a última atualização desta reportagem não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

O rastro de destruição deixado após os atos terroristas nos prédios-sede dos três Poderes, na tarde de domingo (8/1), ficou espalhado por toda a parte mais de 12 horas após o início das depredações.

O Metrópoles esteve na Esplanada dos Ministérios, na manhã de segunda-feira, e constatou os vestígios deixados pelos apoiadores do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL).

No Congresso Nacional, vidros quebrados, pichações em pilastra de toda a edificação, móveis destruídos e diversos pedaços de pau deixados pelos participantes dos atos antidemocráticos, que invadiram também o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Muita sujeira e objetos foram deixados pelos criminosos por toda a extensão da via. Pelo gramado central, sacos plásticos, caixas de papelão, embalagens, latas e garrafas de água e de cerveja. Por volta das 7h30, funcionários do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), iniciaram a faxina na Esplanada.

Brasil afora, as manifestações dessa quarta-feira também foram frustradas, em razão do forte esquema de segurança.

Na capital goiana, por exemplo, a movimentação estava prevista para acontecer no Parque Vaca Brava, no setor Bueno, no entanto, o local estava repleto de viaturas policiais e pouquíssimos manifestantes. Por volta das 19h30, apenas um pequeno grupo de cerca de 15 pessoas andava pelo parque com uma bandeira do Brasil.

Os novos atos, com teor golpista, chegaram a ser chamados de Mega Manifestação Nacional foram marcados para todas as capitais.

Convocados por meio das redes sociais, o anúncio diz que o ato será “pela retomada do poder” e que será “gigante”. Diante da convocação, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que as autoridades públicas de todo o território nacional impedissem qualquer tentativa de bloqueio de vias públicas ou rodovias.

Em São Paulo, os atos foram marcados para a Avenida Paulista, já no Rio de Janeiro, no posto 5 em Copacabana. A ideia era tentar repetir o que ocorreu na capital federal no último domingo, mas acabou não ocorrendo.

Assim como em Goiás, nos locais onde estavam previstos atos, em geral apareceram mais representantes de forças de segurança do que manifestantes.

No último domingo, após a invasão às sedes dos Três Poderes, Lula determinou a intervenção federal na área de Segurança Pública do DF.

Ricardo Garcia Capelli, atual secretário-executivo do Ministério da Justiça, foi escolhido para comandar a operação de intervenção. A medida vale, inicialmente, até o dia 31 de janeiro.

O decreto assinado por Lula permite que as Forças Armadas atuem na capital federal para a retomada da ordem pública.

Aos gritos de “faxina geral” e ao som do Hino Nacional, bolsonaristas ocuparam a Esplanada dos Ministérios, na tarde de domingo, em protesto contra a vitória de Lula nas eleições 2022.

Por volta das 14h40, extremistas invadiram o Congresso Nacional sob uma chuva de bombas de gás lacrimogênio. Em seguida, conseguiram passar pelas barricadas da Polícia Militar do Distrito Federal e entrar no Palácio do Planalto, sede da Presidência da República.

Vidraças, cadeiras e mesas dos dois prédios públicos foram quebradas. Funcionários do Congresso Nacional que estavam de plantão foram ameaçados.

Metrópoles