Golpistas vestiram togas de ministros do STF
Gradil de segurança usado para quebrar as vidraças, equipamentos sendo emprestados para a Polícia Militar, mangueiras de incêndio usadas contra obras de arte e símbolos da República brutalmente derrubados. Imagens das câmeras de segurança do Supremo Tribunal Federal obtidas pelo GLOBO mostram a ação dos vândalos que depredaram o edifício-sede da Corte no último dia 8 de janeiro, em meio aos esforços dos agentes da polícia judicial, que tentavam conter a violência dos invasores.
As imagens, feitas por câmeras de segurança interna e por drones, exibem desde o momento em que os terroristas descem do Congresso, onde já perpetravam atos de destruição, rumo ao STF, até a hora em que o prédio é retomado. Pelos registros das câmeras, a invasão do plenário começa às 15h25, momento em que a polícia judicial considera que “perdeu” o edifício.
Na avaliação de interlocutores do STF ouvidos pelo GLOBO, a aparente facilidade com que os vândalos conseguiram chegar ao prédio da Corte estaria relacionada à falta de resistência por parte do efetivo da PM deslocado para fazer a segurança dos prédios dos Três Poderes.
Em uma outra imagem, é possível ver a equipe da PM do DF recebendo equipamentos de segurança como cassetetes e capacetes da polícia do STF — o que reforçaria, segundo apurou a reportagem, a desproporcionalidade com que foi tratada a invasão dos prédios pelos vândalos.
Nos vídeos é possível ver o momento em que os golpistas derrubam os gradis de metal colocados ao redor do edifício-sede para proteção, e usam esse equipamento para romper as vidraças que caracterizam o prédio. Esse é o ponto em que os invasores conseguem entrar no plenário e passam a destruir o patrimônio que compõe a sede do STF.
Seguindo a invasão, é possível ver um vândalo exibindo a réplica da Constituição que foi retirada do próprio Supremo, além do momento em que um manifestante, já detido pela segurança do STF, é levado vestindo uma toga.
Muitas imagens foram prejudicadas pela ação dos invasores que destruíam as câmeras de segurança usando paus, pedras e até macas.
A polícia judicial precisou reforçar o seu contingente e, ao longo da invasão dos vândalos, precisou se deslocar para diversas áreas do prédio do STF. O motivo de um contigente inicialmente baixo para o domingo é que, segundo as informações iniciais recebidas pela Corte, não havia informações “signiifcativas” passadas pelos órgãos responsáveis, como a Secretaria de Segurança Pública do DF, de que haveria “atos hostis”.
Após a invasão, a sede do STF foi retomada por volta das 16h40, quando as equipes da Corte passaram a contar com o auxílio do Comando de Operações Táticas (COT), da Polícia Federal, e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar. Para a contenção, as equipes da policia judicial usou balas de borracha e bombas de efeito moral. Nas imagens, porém, é possível ver invasores usando máscaras anti-gás e até mesmo devolvendo as bombas, mediante o uso de luvas.