Lula discordou de ex-chefe do Exercito por cargo dado a ajudante de ordens

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Um dos motivos de discórdia entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-comandante do Exército Júlio César de Arruda, a designação do tenente-coronel Mauro Cid para chefiar o 1º Batalhão de Ações e Comandos envolve o comando de uma tropa estratégica da Força. O 1º BAC, como é conhecido o batalhão, é uma unidade militar de elite, acionada para casos de alta complexidade — e que fica a 200km de Brasília, em Goiânia, um ponto considerado decisivo.

Lula demonstrou irritação com o fato de Arruda não cancelar a designação de Cid, que era ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, para o comando do batalhão. Cid foi escolhido para o posto em maio do ano passado, durante a gestão anterior, mas só assumiria em fevereiro.

Criado em 2002, o batalhão é subordinado ao Comando de Operações Especiais. O 1º BAC é acionado em situações que envolvem alto nível de preparo. É o caso, por exemplo, de operações de resgate ou de ataque a alvos que estejam em territórios considerados hostis, seja por estarem controlados por forças inimigas ou por serem em regiões de difícil acesso.

“É uma tropa altamente qualificada a operar sob circunstâncias e ambientes impróprios ou contra-indicados para o emprego de elementos de forças convencionais, sendo apta a cumprir variadas missões estratégicas e tidas como operacionalmente críticas”, de acordo com o Exército.

Os integrantes do batalhão têm bastante prestígio. O primeiro comandante foi Marco Antônio Freire Gomes, que anos depois chefiaria o Exército no último ano do governo Bolsonaro.

O historiador Francisco Teixeira, da UFRJ, que é especialista em assuntos militares, afirma que o BAC recebe “o que tem de melhor” dentro do Exército, tanto em recursos humanos quanto em equipamentos, e que está pronto para ser acionado a qualquer momento.

— Eles estão em permanente estado de prontidão e podem ser deslocados imediatamente para qualquer crise em qualquer lugar. O que ocorre é que ele está a um pouco menos de três horas de Brasília, e se for em meios rápidos, muito menos do que isso — avalia o professor.

De acordo com Teixeira, que foi professor de Cid na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), o tenente-coronel poderia instrumentalizar o batalhão:

— Ele, no comando desse batalhão, ele não só poderia fazer proselitismo, que é da natureza dele, mas ele também estaria com uma força que é uma arma poderosíssima nas imediações da capital federal. Ele poderia deslocar-se e poderia não deslocar-se. Poderia acontecer alguma coisa que fosse necessária (a ação do batalhão) e ele não cumprir.

 

O Globo