Mucio de que permissão para golpistas entrarem no acampamento foi erro

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O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou em entrevista à GloboNews na manhã desta terça-feira (24) que o erro das Forças Armadas na véspera dos atos golpistas de 8 de janeiro foi permitir que os passageiros de ônibus fretados entrassem no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.

Segundo Múcio, isso permitiu que os cerca de 200 bolsonaristas radicais que ocupavam a frente do QG se “multiplicassem”, gerando a multidão golpista que depredou as sedes dos Três Poderes da República naquele domingo.

“Se você perguntar qual foi o erro, que é uma ótima pergunta, foi ter-se permitido que as pessoas que vieram nos 130 ônibus para Brasília pudessem entrar no acampamento. Se tivessem ficado do lado de fora, numa praça qualquer, o problema era do GDF. Como entrou no território do Exército, parece que aqueles 200 se multiplicaram, viraram 5 mil e aconteceu aquela vergonha”, declarou.

Múcio também afirmou à GloboNews que não se arrepende de ter dito, dias antes dos atos de terrorismo na Esplanada, que as manifestações na frente dos quartéis militares eram democráticas.

“Quando eu disse ‘democráticos’. Se eu vim para conversar, não podia dizer ‘vou discutir com bandidos, com vândalos’. Eu tinha que criar um link qualquer para criar um vínculo de confiança. Não me arrependo, não”, afirmou.

Dificuldades no cargo
Múcio também relatou à GloboNews as dificuldades que encontrou, ainda na transição de governo, para se reunir com os militares e driblar as resistências de alas que, naquele momento, eram governistas (ou seja, aliadas a Jair Bolsonaro).

“Quando o presidente me convidou para o Ministério da Defesa, me disse que era um lugar difícil. Todo mundo falava que ‘[Lula] não ia subir a rampa, não ia ter posse'”, lembrou.

“Eu comecei a trabalhar no Ministério da Defesa 40 dias antes de tomar posse, estive com todos os ex-comandantes. Com dificuldade no início, muita dificuldade para ser recebido. Ambiente muito hostil. Os comandantes haviam anunciado que iam todos sair dia 22 de dezembro. Você pode fazer uma pergunta: ‘Iam fazer o que com as Armas, de 22 a 31?’ Não era um cenário bonito”, prosseguiu.

G1