Rui Costa e Carlos Lupi se estranham

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Foto: Wenderson Araujo/Valor

Em entrevista exclusiva ao Valor, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, assegurou que a condução da economia no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fugirá de dogmas, sejam de esquerda ou de direita. “A economia não é dada a encontrar soluções com dogmas”, afirmou. Para ele, é “absoluto excesso e precipitação” dizer que as primeiras horas do novo governo apontam para o risco de descumprimento das promessas de campanha de que uma administração “Lula 3” respeitaria contratos, garantiria estabilidade e previsibilidade aos agentes econômicos. Por outro lado, o ministro fez um alerta: o governo também não se deixará intimidar por falas que considerar radicais no campo econômico.

Costa contou que ligou para o ministro Carlos Lupi após as falas dele sobre a reforma da Previdência, que causaram furor nos mercados. “Não acho acertada a declaração. Eu liguei para ele e disse que levaria uns extintores para ele jogar a gasolina dele fora. Claro que tem déficit previdenciário, negar isso é negar a realidade. Vamos ter um negacionista dentro do nosso governo? O déficit da Previdência pública é enorme, continua enorme apesar de todas as reformas.

O ministro afirmou ainda que a determinação do presidente Lula é ampliar as possibilidades de investimento e que as medidas que estão sendo pensadas buscam alargar — e não restringir — as oportunidades para o setor privado atuar. “Teremos investimento público direto, investimento 100% privado e um misto entre os dois. Tem um leque de possibilidades.”

Em relação à prorrogação da desoneração de combustíveis, tema em que a equipe econômica saiu derrotada, disse que prevaleceu a preocupação com um “repique” da inflação. De acordo com ele, não houve divisão entre uma ala política e outra técnica, uma vez que ambos os lados apresentaram argumentos econômicos. “Nós vamos assumir a Petrobras. Então, vamos adotar medidas sem interferir na autonomia da empresa, mas de estímulo ao aumento da produção, o que vai sinalizar aumento de oferta, e novas estratégias que tendem a puxar o preço para baixo.”

Valor Econômico