Em crise, bancada da Bíblia não consegue eleger presidente

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Foto: David Ribeiro

Diante de um impasse sobre o sistema de votação, que registrava maior número de votos do que de eleitores inscritos, a bancada evangélica no Congresso resolveu adiar a eleição de quem será seu novo presidente em 2023. O atual presidente do grupo, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), marcou a nova eleição para 15 de fevereiro, para tentar negociar um acordo.

A eleição dividiu a bancada em duas candidaturas: o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM) e o deputado Eli Borges (PL-RO), ambos da Assembleia de Deus. Cavalcante tentou por dois meses negociar um entendimento entre todos os candidatos, mas apenas o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) e o senador Carlos Viana (Pode-MG) desistiram da disputa e não houve consenso.

Pela primeira vez em anos, a eleição para líder da bancada seria decidida no voto. A reunião, contudo, acabou tumultuada e demorou mais de três horas porque o número de votos era maior do que o de deputados inscritos na frente. Além disso, havia mais cédulas de papel na urna do que participantes na lista de presença do encontro.

A bancada, ironicamente, foi uma das que endossou o discurso de possível fraude nas urnas eletrônicas, na linha do que era defendido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem são aliados. O episódio foi lembrado pelos deputados na reunião fechada numa das comissões da Câmara (foi possível ouvir parte das falas no entra e sai de parlamentares). “Vamos virar motivo de piada nacional se acabar assim”, protestou Silas Câmara, pouco antes de deixar a reunião.

Borges minimizou o episódio ao Valor. “Foi um problema no Infoleg [sistema usado pelos deputados]. Desde o dia 31, ele travou para novas inscrições e os novos não conseguiram se registrar, o que não significa que não sejam da frente”, disse. Cavalcante reiterou esse discurso. “Até agora eu não consegui registrar minha biometria para assinar a ficha.”

Câmara também desconversou sobre o impasse em entrevista: “Haverá acordo, mas não quero antecipar porque o presidente Sóstenes é quem vai divulgar.” Ele argumentou que deixou a reunião por causa de uma consulta médica, e não por insatisfação com o resultado.

O racha desorganiza uma das principais bancadas de oposição ao governo Lula. O grupo costuma ser um dos mais ativos no Legislativo, em especial na pauta de costumes.

Valor Econômico