EUA prometem “investimentos vultosos” na Amazônia

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Foto: Reprodução

Os ministros Geraldo Alckmin e Marina Silva receberam nesta segunda-feira (27/2), no Palácio do Itamaraty, o assessor especial do governo dos Estados Unidos para o Clima, John Kerry. A reunião tratou da cooperação entre os dois países pelo combate às mudanças climáticas, e sobre a contribuição norte-americana ao Fundo Amazônia. Segundo Alckmin, os EUA devem destinar recursos “vultuosos” às ações de cooperação.

“Foi uma reunião muito proveitosa. Abordou, claro, o tema principal que é o combate à mudança climática. Abordamos desmatamento, descarbonização, transição energética e possibilidades de parceria em diversas áreas”, disse Alckmin a jornalistas na saída da reunião.

 

Além do vice-presidente e da ministra do Meio Ambiente, lideraram a reunião o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, e a secretária-geral do Itamaraty, embaixadora Maria Laura da Rocha. Do lado norte-americano, estava presente ainda a embaixadora Elizabeth Bagley.

Após encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente norte-americano Joe Biden no dia 10 de fevereiro, os Estados Unidos anunciaram a intenção de contribuir para o Fundo Amazônia. Segundo Alckmin, o tema foi tratado durante a reunião bilateral no Itamaraty.

“O enviado John Kerry não definiu valor, mas colocou que ele vai se empenhar junto ao governo, junto ao congresso norte-americano e junto à iniciativa privada para termos recursos vultuosos. Não só no Fundo da Amazônia, como também em outras cooperações”, disse o ministro ao ser questionado sobre o valor da contribuição.

“Ficou claro que o Fundo da Amazônia já foi ativado. Ele é auditável, e é tudo privado, gerido pelo BNDES com auditoria nacional e internacional. Já abrimos os primeiros projetos. O próprio governo, se quiser participar, tem que disputar também com os projetos. São projetos na área humanitária, no atendimento a comunidades indígenas, ianomâmis, combate à desnutrição, combate ao desmatamento e organizações criminosas que atuam na região”, explicou ainda Alckmin sobre a iniciativa. Até o momento, Alemanha e Noruega são os países que contribuem para o fundo, mas outras nações, como os EUA, França e a União Europeia, já manifestaram intenção de investir.

Alckmin destacou ainda a importância de se combater as mudanças climáticas, citando a tragédia ocorrida no litoral norte de São Paulo em decorrência da chuva recorde.

“Os EUA tiveram nesta madrugada tornados violentíssimos, uma tragédia verdadeira. Nós tivemos também nessa semana tragédia no litoral, com enchentes e chuvas torrenciais e simultaneamente seca na Região Sul. A mudança climática leva a esses extremos”, disse o ministro.

A ministra Marina Silva também falou com jornalistas na saída do encontro, e comentou que o desmatamento da Amazônia foi um dos principais assuntos. Questionada sobre a prévia do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe,) que mostra um recorde no desmatamento da região em fevereiro, de 209 km², ela afirmou que o novo governo encontrou uma “situação de terra arrasada”.

“Neste momento, estamos identificando que tem uma ação criminosa mesmo no período chuvoso, adiantando o desmatamento. E estamos nos preparando para fazer o enfrentamento”, disse Marina. “É uma espécie de revanche às ações que já estão sendo tomadas na ponta. E vamos seguir trabalhando, esse é o nosso objetivo. Não somos como o governo anterior, os dados são transparentes”, frisou.

A chefe da pasta do Meio Ambiente defendeu ainda que, apesar das ações do governo, leva tempo para que o desmonte na área ambiental seja combatido. “As coisas não são mágicas. Temos a clareza da complexidade do problema e estamos trabalhando para que ele venha a cair estruturalmente”, explicou.

O Globo