Metade dos brasileiros tem visão homofóbica

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Foto: Nelson Almeida/AFP

Para 46% da população, é “ruim” ver casais homossexuais se beijando em público, enquanto 48% dizem não se incomodar com isso. Os dados são de recorte exclusivo obtido pelo GLOBO da nova pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta terça-feira. Considerando a margem de erro estimada em 2,2 pontos percentuais para mais ou menos, os grupos dos que se opõem e dos que apoiam beijos entre pessoas do mesmo sexo em público são equivalentes.

Os eleitores que declaram ter votado no ex-presidente Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2022 são os que expressam maior aversão às demonstrações de afeto entre homossexuais. São 58% nesse grupo os que acham “ruim” cenas assim, taxa que é de 39% entre apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A divisão dos brasileiros quanto a esse tema ajuda a dimensionar a persistência do conservadorismo moral no país, fortalecido nos últimos anos com o discurso de Bolsonaro e que também se manifesta em relação a outros assuntos. A legalização do aborto, por exemplo, é historicamente rejeitada pela maioria da população. São 72% os que condenam essa proposta, segundo a Quaest, contra 23% que a apoiam.

Alvo de Bolsonaro mesmo antes de assumir a Presidência, o ensino de temas ligados à sexualidade nas escolas enfrenta resistência de 42% dos entrevistados. São 56% os que concordam que a escola seja o local apropriado para tratar o assunto com adolescentes.

As interpretações em relação a esse tema diferem bastante entre os apoiadores de Lula e de Bolsonaro. No primeiro grupo, 64% apoiam e 34% condenam o ensino de questões ligadas à sexualidade para adolescentes. Já entre bolsonaristas, 42% são favoráveis e 55%, contrários.

Os brasileiros se dividem em relação ao emprego da violência física na criação de crianças. A Quaest pediu para que os entrevistados dizerem se concordam ou discordam da seguinte declaração: “Quando passa dos limites, é normal que a criança apanhe dos pais”. O resultado: 56% afirmaram que concordam, enquanto 42% disseram discordar.

Já quando o assunto é a legalização de jogos de apostas e cassinos, a grande maioria (67%) se diz contrária e só 28% apoiam a proposta. O resultado indica resistência ao tema a despeito do recente crescimento de sites de apostas esportivas no país, e também da existência de uma loteria federal com concursos realizados pela Caixa há mais de seis décadas no Brasil.

Contratada pelo banco Genial, a Quaest entrevistou presencialmente 2.016 pessoas maiores de 16 anos, entre 10 e 13 de fevereiro, em 120 municípios. A margem de erro é estimada em 2,2 pontos percentuais para mais ou menos, para um intervalo de confiança de 95%.

O Globo