Minha Casa, Minha Vida terá colaboração de urbanistas

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Foto: Alf Ribeiro-22.abr.2019/Folhapress

Pesquisadores dedicados à habitação e ao urbanismo escreveram um manifesto com sugestões ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação à retomada do programa Minha Casa, Minha Vida, que será anunciada pelo presidente nesta terça-feira (14).

No texto, intitulado “MCMV, o que manter e o que mudar”, os pesquisadores sugerem que municípios, governos estaduais e cooperativas populares sejam chamados a participar mais da definição de projetos e da escolha de terrenos mais bem localizados na malha urbana.

Uma das principais críticas às versões anteriores do programa é a de que os empreendimentos foram construídos em locais afastados, desprovidos de equipamentos públicos, longe do comércio, dos empregos e da estrutura de transporte, “em áreas que, não raramente, acabaram sob o domínio do crime organizado ou das milícias constituindo bolsões de pobreza situados nas periferias distantes”, como aponta o texto.

Os pesquisadores também propõem mais diversificação nas habitações ofertadas, incorporando a reforma de edifícios existentes, melhorias habitacionais e projetos mais adequados às realidades físicas e ambientais de cada região.

Entre as propostas, também estão a destinação de mais recursos ao MCMV-Entidades, que concede financiamentos a entidades como cooperativas e sindicatos, com recursos de fundos públicos.

Segundo os pesquisadores, essa modalidade “obtêm melhores resultados em termos arquitetônicos e urbanísticos, gera efeitos multiplicadores na economia local, além de gerar vínculos sociais e pertencimento no processo de viabilização.”

Eles também sugerem que não seja mais adotada a modalidade “empreitada global”, que transfere a uma única empresa privada a definição do terreno, a localização das moradias, os projetos de urbanismo, arquitetura e engenharia e a execução da obra. Segundo o texto, 98% do orçamento do MCMV foi aplicado dessa forma, levando à reprodução “do padrão de urbanização que lança as camadas populares para as franjas urbanas.”

Nesse sentido, a participação mais ativa de municípios, governos estaduais e cooperativas na escolha de projetos poderia gerar soluções arquitetonicamente mais inovadoras e mais atentas à função social das moradias. Por isso, os pesquisadores propõem que as etapas de escolha da terra e de elaboração do projeto arquitetônico e urbano não sejam de responsabilidade das empresas construtoras.

Por fim, o texto também sugere a criação de um subprograma específico para reabilitação de edifícios ociosos em áreas centrais das cidades, e diz que, no âmbito do MCMV-Entidades, especialmente em São Paulo, houve diversos projetos exitosos, com municípios oferecendo prédios públicos, desapropriados ou retomados “a partir da aplicação dos instrumentos urbanísticos como contrapartida.”

O manifesto conta com mais de mil assinaturas e tem entre seus apoiadores diversos especialistas que ajudaram na recriação do Ministério das Cidades, como Ermínia Maricato, João Whitaker, Celso Carvalho e Eleonora Mascia. Além deles, também subscrevem Andréa dos Santos, presidente da Federação Nacional dos Arquitetos, e Maria Elisa Baptista, presidente do IAB-Brasil.

Folha