Bolsonaro acusa Lula por PF melar seu “show” de reentrada
O ex-presidente Jair Bolsonaro- Foto: Alexandre Cassiano/O Globo
A decisão da Polícia Federal (PF) de obrigar Jair Bolsonaro a deixar o Aeroporto Internacional de Brasília na próxima quinta-feira (30) sem contato com o público, frustrou os planos do ex-presidente para o seu retorno ao Brasil depois de três meses nos Estados Unidos.
Bolsonaro ficou bastante irritado ao saber que a PF vetou que ele fosse recebido por seguidores no aeroporto de Brasília. Pelo esquema determinado nesta terça-feira, em reunião de representantes da PF, Ministério da Justiça e do governo do Distrito Federal, Bolsonaro sairá do avião já escoltado por policiais federais e de lá para a sede do PL, no centro de Brasília, sem passar pelo saguão.
O planejamento que o ex-presidente vinha fazendo com os aliados no Brasil previa que ele saísse pelo desembarque comum do aeroporto já nos braços de seguidores e, depois, subisse em uma caminhonete do tipo SUV e saísse pelas ruas saudando populares.
A intenção era reeditar as cenas da campanha de 2018, inclusive pelo tom de improviso calculado. Bolsonaro chegou a exigir que não houvesse estrutura oficial para tentar dar ao evento aura de espontaneidade.
Ao saber que a PF havia alegado questões de segurança e vetado seus planos, o ex-presidente o atribuiu “a uma armação do governo do PT” o boicote à sua chegada.
Agora, o PL está preparando uma recepção na própria sede do partido, num saguão com capacidade para cerca de 200 pessoas alugado no térreo do edifício onde fica a sede da legenda.
De acordo com a previsão feita de ontem para hoje, Bolsonaro irá apenas circular pelo salão cumprimentando as pessoas, mas não vai discursar e nem dar entrevistas.
Além do cálculo político, há também nessa programação a tentativa de evitar atritos com o Judiciário, ao menos neste primeiro momento. Os advogados de Bolsonaro não querem nem que ele se manifeste em relação ao caso das joias sauditas que ele incorporou indevidamente a seu acervo pessoal, nem dos processos que enfrenta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao todo são dezesseis ações que pedem a sua inelegibilidade.
Na reunião de preparação que reuniu diferentes órgãos de segurança pública nesta terça-feira (28), a hipótese de que um mandado de prisão contra o presidente chegou a ser levantada por representantes da PF. Embora não a considerem muito provável, os advogados de Bolsonaro também a consideram em seus cenários para o dia de sua chegada.
Apesar das restrições, parlamentares bolsonaristas como Carlos Jordy (PL-RJ) continuam apostando em convocatórias para a recepção em suas redes sociais.
Em caráter reservado, aliados próximos de Bolsonaro admitem que há uma mobilização de bolsonaristas de diferentes estados para engrossar a recepção em Brasília, incluindo ônibus fretados.
Por essa razão, é provável que ainda haja algum tipo de mobilização de seguidores no aeroporto, mas Bolsonaro não terá como troféu a recepção nos braços dos apoiadores capturada pelas câmeras.
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Outra possibilidade é que uma “motociata” organizada por apoiadores de Bolsonaro acompanhe Bolsonaro até a sede do PL.