Cabral e Bretas tentam se fortalecer na internet

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Foto: Reprodução

Depois de anos pedindo o seu voto, Sérgio Cabral agora quer conquistar o seu like. Livre da prisão domiciliar, o ex-governador resolveu tentar a carreira de influencer. Uma aposta para recauchutar a imagem manchada por 23 condenações penais.

Em busca da popularidade perdida, o político veterano segue a receita das jovens blogueiras. Em vídeos curtos, comenta amenidades, dá dicas de filmes e exibe sua rotina de exercícios físicos. Tudo com a informalidade calculada das redes sociais.

“Gente, hoje é sábado. É dia de série”, arriscou há duas semanas, refestelado no sofá. Na estreia como crítico de TV, o ex-governador mostrou repertório limitado. Definiu uma produção israelense como “bem interessante” e chamou o protagonista de “apaixonante”. “Ele tem um quê de Kojak da década de 70. Os enlatados americanos eram uma maravilha”, suspirou.

Em outro vídeo, Cabral lembrou o tempo em que pedia votos como defensor dos velhinhos. “Acabei de fazer 60 anos e me dei conta de que estou na terceira idade”, gracejou.

Ao debutar no Instagram, Cabral anunciou que compartilharia suas memórias do cárcere. Na prática, tem preferido investir no autoelogio e no discurso politicamente correto. Já pregou o combate ao racismo, a igualdade de gênero e a valorização do servidor.

Numa rara reminiscência da cadeia, o ex-governador relatou uma ideia que o assaltou no batalhão prisional da PM: pagar bônus a policiais que apreendem fuzis. A proposta foi divulgada na segunda-feira. Dois dias depois, seria implementada pelo governador Cláudio Castro.

O ex-“namoradinho do Rio” não esconde os laços com os novos donos do poder fluminense. Seu filho mais velho, Marco Antônio Cabral, participou da campanha de Castro. Não conseguiu se eleger deputado, mas descolou um cargo no departamento de arquivo da Alerj. A primeira ex-mulher e a mãe de Cabral já estavam penduradas na folha de pagamento da Casa.

O ex-governador grava seus vídeos em Copacabana, de costas para o mar. A poucas quadras dali, o juiz que o condenou também tenta um lugar ao sol no mercado de influenciadores. Afastado pelo Conselho Nacional de Justiça, Marcelo Bretas ganhou mais tempo para correr atrás de curtidas e compartilhamentos. “Olá. Vez por outra, vamos estar juntos aqui neste canal”, publicou, no início da semana.

O ex-titular da 7ª Vara quer diversificar o público. Além dos lavajatistas e dos evangélicos, agora tenta se aproximar dos concurseiros. Há poucos dias, ofereceu-se para tirar dúvidas de aspirantes à magistratura. Entre citações bíblicas e mensagens motivacionais, fez uma breve alusão aos processos disciplinares a que responde no CNJ. “Todo mundo tem problema. Eu já tive muito problema, e ainda tenho alguns que tenho que enfrentar”, desabafou, sem entrar no mérito das acusações de desvio de conduta.

Além de competir por seguidores, Cabral e Bretas parecem apostar nas redes para driblar o ostracismo. O juiz afastado, que costumava postar fotos com políticos como Jair Bolsonaro e Wilson Witzel, agora aparece sempre sozinho. O ex-governador ensaiou a volta à badalação, mas já enfrentou um dissabor. O ex-presidente da OAB Felipe Santa Cruz apagou uma foto em que abraçava o velho amigo num restaurante. Não aguentou a cobrança de internautas que o acusaram de confraternizar com um ladrão.

O Globo