Especialistas criticam juros altos do BC bolsonarista

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Foto: Getty Images

O Comitê de Política Monetária (Copom) começou uma reunião na terça (21) e deve definir nesta quarta (22) a taxa básica de juros, a Selic. O encontro ocorre em meio a pressões do presidente Lula pela redução dos juros na economia brasileira, que hoje é de 13,75% ao ano – a maior do mundo, descontada a inflação.

A alta do juros é motivo de paralisação nas principais montadoras do país. Também foi definida pelo ganhador do Nobel de Economia Joseph Stiglitz como uma “pena de morte” a qual o Brasil vem sobrevivendo.

Em entrevista a Natuza Nery, o consultor da FGV Robson Gonçalves analisa a fala do economista norte-americano.

“A taxa de juros pode ser entendida como um remédio contra a inflação”, explica Gonçalves. “Mas ela é um remédio contra um tipo de inflação, portanto uma manifestação dessa doença econômica que é a inflação de demanda. Como todo remédio, a taxa de juros tem seus efeitos colaterais no curto prazo: ela freia o crescimento econômico e reduz a demanda por bens e serviços.”
A inflação mundial, detalha o economista, é puxada pelo preço das commodities por causa das incertezas causadas pela guerra na Ucrânia.

“Nessa condição, a taxa de juros se torna um medicamento muito ineficaz: a gente só fica com o efeito colateral. É como se o paciente estivesse morrendo sem ter o benefício da cura simplesmente porque o remédio é inadequado para o tipo de doença que a economia está enfrentando.”

Enquanto, no Brasil, a taxa de juros permanece o dobro da inflação, países como os Estados Unidos oscilam em uma faixa de 4,5% a 4,75% ao ano, abaixo da inflação.

No episódio #925 do podcast O Assunto, o economista aposta em uma divergência na decisão sobre a taxa de juros brasileira, mas concorda com a análise de Stiglitz e destaca que a redução é importante para auxiliar os 62,5 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza.

“A manutenção de uma taxa de juros muito elevada é mortal no sentido de que ela contém o crescimento econômico e diminui a geração de empregos…Para tirar as pessoas da linha da pobreza, é preciso empregá-las antes de mais nada.”

G1