Novo teto de gastos pode reduzir juros

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Foto: Washington Costa/MF

A equipe econômica pretendia que o projeto do arcabouço fiscal fosse aprovado por Lula até amanhã para tentar influenciar de alguma maneira o Copom — o colegiado do Banco Central começa a se reunir nesta terça-feira para decidir, na quarta-feira, a taxa Selic que vai vigorar pelos 45 dias seguintes.

Fernando Haddad antecipou a conclusão do projeto justamente para tentar pegar carona na reunião de março do Copom. Não que o Copom fosse diminuir os juros apenas porque avaliasse como bom o arcabouço — até porque ele precisará ainda ser aprovado pelo Congresso. Mas ajudaria a criar um clima positivo para quebrar eventuais resistências do BC.

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Depois da reunião de sexta-feira passada no Palácio do Planalto, com Lula e outros ministros, porém, ficou claro que Haddad vai morrer na praia com esse prazo de amanhã.

Em vez de confiar no seu ministro da Fazenda, Lula resolveu fazer não só uma reunião em que o chefe da Casa Civil, Rui Costa, atuou como um contraponto desenvolvimentista, como deu espaço para forças contrárias a Haddad começarem a atuar.

Gleisi Hoffmann, por exemplo, foi ao Twitter torpedear o arcabouço fiscal antes mesmo de ele ser conhecido oficialmente. Pregou com todas as letras que a “política fiscal tem que ser expansionista”. Tuitou Gleisi no sábado:

“Se é verdade que a economia crescerá menos este ano, segundo indicadores divulgados pelo governo, precisamos então aumentar os investimentos públicos e não represar nenhuma aplicação no social. Em momentos assim, a política fiscal tem que ser contracíclica, expansionista”.

Depois de ler essa manifestação, um assessor de Lula mais próximo das ideias de Haddad foi irônico:

— A Gleisi é a cheerleader do caos.

Assessores próximos de Haddad, contudo, trabalham nos bastidores para baixar a fervura. Dizem que a conversa de sexta-feira foi boa para o ministro. E que apenas alguns ajustes foram pedidos pelo presidente.

Mas pouca gente no entorno de Haddad acha que o projeto do novo arcabouço fiscal, que substituirá o teto de gastos, possa ser conhecido amanhã. A aposta mais forte é que isso aconteça mais perto do fim de semana, antes de Lula embarcar para a China no sábado à noite.

Hoje, Haddad vai novamente discutir o seu projeto. Será na reunião da Junta Orçamentária, junto com Rui Costa, Simone Tebet e Esther Dweck.

O Globo