Oposição cresce em SP e Tarcísio tenta comprar
Foto: Edilson Dantas
O secretário estadual de governo em São Paulo, Gilberto Kassab, tem feito uma ofensiva para desidratar alguns movimentos da oposição e ampliar a base do governo Tarcísio de Freitas no Legislativo estadual. A estratégia mira deputados de diversas siglas da esquerda, inclusive do PT, cuja bancada de 18 parlamentares só fica atrás do PL, com 19.
Kassab recebeu deputados de oposição para mapear as demandas de projetos e emendas parlamentares que podem ser executadas pelo governo. A expectativa é que a gestão Tarcísio tenha maioria na Assembleia Legislativa, mas o crescimento da oposição em relação aos anos anteriores impõe a necessidade de um trabalho de maior interlocução com a esquerda.
O núcleo duro de Tarcísio tem hoje 31 parlamentares — somados PL, Republicanos e PSD —, mas pode chegar a 60 se o governador atrair outras siglas, como PSDB, União Brasil, MDB e PP. Caso isso não se concretize, há risco de derrota se esses grupos se aliarem à esquerda. PT, PSOL, PV, Rede, PDT e PCdoB têm 26 cadeiras.
Um dos acenos mais recentes à esquerda foi a liberação da feira da reforma agrária no Parque da Água Branca, Zona Oeste da capital. Organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o evento, de 10 a 14 de maio no parque, havia sido vetado pela gestão do ex-governador João Doria.
Kassab também tem se movido na direção da ala política do PT estadual. Em reunião com a bancada, ouviu pedidos de liberação de emendas impositivas que não foram pagas pelo ex-governador tucano Rodrigo Garcia. Desde então, recebeu uma lista de deputados petistas que aguardavam a liberação de recursos. Ao GLOBO, a líder do PT e deputada Márcia Lia disse que alguns pagamentos já começaram a ser feitos. A deputada chegou a fazer elogios públicos a Tarcísio, o que, segundo correligionários, teria causado reclamações internas no PT, mas ela ameniza a situação.
— Falamos com Kassab e percebemos que ele tem interesse em ter uma relação saudável com a gente. Não vamos fazer oposição por oposição. O que for de interesse do povo paulista, vamos aprovar. Mas seremos contra qualquer privatização, como a da Sabesp — afirmou Lia.
O PSB do vice-presidente Geraldo Alckmin já é visto na Assembleia como da base do governo, ainda que o discurso oficial seja de independência. Um dos acenos à sigla que contou com a interlocução de Kassab foi a sanção do governador ao projeto que dá aval a medicamentos à base de cannabis no SUS. A proposta é do deputado Caio França, líder da bancada e filho de Márcio França, ex-governador. Outro na mira de Kassab é o PDT, que tem hoje dois deputados na Casa. Mas nem toda a esquerda é prioridade. O PSOL tem ficado de fora das conversas.