Carrefour volta a ser acusado de racismo

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Foto: Reprodução

As entidades antirracistas que fecharam um acordo com o Carrefour em 2021 depois da morte do homem negro João Alberto Silveira no mercado em Porto Alegre processaram a empresa mais uma vez, apontando novos casos de racismo na firma. A ação foi apresentada nesta terça-feira (11/4) à Justiça de São Paulo pela Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro) e o Centro Santos Dias de Direitos Humanos.

As duas ONGs apontam que o Carrefour segue promovendo crimes de racismo contra consumidores no Brasil. Dois exemplos bem recentes foram citados, em São Paulo e em Curitiba.

Na última sexta-feira (7/4), o artista negro Vinícius de Paula afirmou que foi impedido de ser atendido no Carrefour Alphaville da capital paulista. Uma cliente branca, por sua vez, foi assistida normalmente. O artista, que é marido da bicampeã olímpica de vôlei Fabiana Claudino, processará o mercado.

Dois dias depois, outro episódio ilegal aconteceu no Atacadão Parolin, também da rede Carrefour, em Curitiba. Perseguida por seguranças, a professora negra Isabel Oliveira tirou as roupas em protesto. A violência contra a professora foi citada nesta segunda-feira (10/4) por Lula, durante uma reunião com ministros para marcar os cem dias do governo.

“Queria dizer para a direção do Carrefour, que se eles quiserem fazer isso em seu país de origem, que façam, mas nesse país aqui, a gente não vai admitir o racismo e o que essa gente tenta impor ao Brasil”, disse o presidente, atacando o racismo da rede francesa.

Em novembro de 2020, o homem negro João Alberto Silveira foi morto dentro de um mercado Carrefour em Porto Alegre. Foi espancado por seguranças do mercado. A Educafro e o Centro Santos Dias de Direitos Humanos processaram o mercado e, no ano seguinte, fecharam um acordo judicial de R$ 115 milhões com a empresa. O dinheiro foi destinado para políticas contra o racismo.

Na época, o Carrefour lançou a campanha “Não vamos esquecer”, que ainda está disponível no site da companhia. A propaganda alegava que os episódios racistas haviam ficado para trás.

“No caso João Alberto Freitas foram estabelecidas medidas que o Carrefour não cumpriu. Tanto que os casos de racismo posteriores ao assassinato de Jonao Alberto continuam se sucedendo. Na época, o assunto foi tratado como uma crise, mas agora é preciso reconhecer que o problema é muito mais grave e está localizado no DNA do Carrefour: uma cultura corporativa discriminatória”, analisou o advogado Márlon Reis, que representa as entidades.

Metrópoles