Eduardo Cunha estaria comandando debandada no União Brasil

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Eduardo Cunha — Foto: Ruy Baron/Valor

No Rio e em Brasília, políticos do União Brasil identificam as digitais de Eduardo Cunha no processo de debandada capitaneado por Waguinho, até ontem comandante do diretório fluminense do partido. Casado com a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, o prefeito de Belford Roxo se filiou ao Republicanos, cujo diretório estadual também chefiará. Nas fotos da solenidade de assinatura da ficha partidária, na capital federal, o artífice do impeachment de Dilma Rousseff aparece em posição de destaque.

Mesmo sem ser do União ou do Republicanos – concorreu a deputado federal pelo PTB de São Paulo no ano passado –, o ex-presidente da Câmara vinha atuando nas decisões da sigla no Rio, segundo várias fontes da legenda que dizem ter visto de perto essa influência. Filha do ex-emedebista, Dani Cunha é deputada federal pelo União-RJ e está entre os parlamentares que alegam “justa causa” para tentar desfiliação sem perda de mandato por infidelidade partidária. Eles alegam “assédio” por parte da direção nacional.

Procurado, Cunha afirmou que não responde a “boatos” sobre a influência no grupo de Waguinho. Alegou ainda que a posição privilegiada na mesa de ontem se deu por causa do “respeito” à sua trajetória política. “Ter posição em mesa privilegiada é sempre em respeito à minha pessoa pelo cargo que ocupei, nada mais. Apenas prestigiei um evento de um amigo que já votou em mim”, disse.

Abordada pelo Valor nesta terça-feira (4) na Câmara, Dani Cunha preferiu não comentar sobre o papel do pai. Falou apenas que os argumentos dos deputados para reivindicar a desfiliação estão expressos na ação judicial que será analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Deputados têm períodos específicos – as “janelas partidárias” – para trocarem de siglas sem perda de mandato, mas podem alegar diversos problemas com a direção na tentativa de manter o cargo.

Se o movimento de Waguinho ainda deixa dúvidas sobre o impacto que terá na base do governo Lula e no cargo de Daniela, no Rio a saída é vista como uma chance de “pacificação” do partido. Aliados do governador Cláudio Castro (PL), cujo vice, Thiago Pampolha, é do União, reclamavam da dissonância entre o que era dito pelos diretórios nacional e estadual. O vice-presidente nacional da legenda, Reinaldo Rueda, irá ao Rio na semana que vem para definir o futuro do diretório.

No União, as coisas costumam mesmo ser decididas “por cima”. A entrada do partido na Prefeitura da capital fluminense, chefiada por Eduardo Paes (PSD), deu-se numa negociação direta do prefeito com a cúpula nacional, o que também provocou ruídos em políticos do Rio filiados ao partido.

Valor