Governo quer inquérito do STF na CPMI

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Foto: Agência Senado

O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues, defendeu nesta quarta-feira que, uma vez instalada, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos atos golpistas do 8 de janeiro peça ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o compartilhamento das informações do inquérito que está na Corte para apurar os ataques aos Três Poderes e os envolvidos.

— Considero fundamental, e tenho certeza, a CPMI instalada, a direção eleita, uma das primeiras agendas será com o ministro Alexandre de Moraes para pedir o compartilhamento das informações, para saber até onde estão indo as investigações. É indispensável que essa CPMI não tenha investigados. Não vamos tolerar agentes que são objetos de investigação, seja de onde forem, como membro de CPMI.

Randolfe defendeu que nomes envolvidos nas investigações não atuem como membros da CPMI e afirmou que não é uma “oposição do governo” e sim uma “oposição do bom senso”.

— Por uma razão óbvia, como pode colocar o criminoso para ser investigador? Não é compreensivel aceitar que esses sejam membros da comissão. Não é oposição do governo, é oposição do bom senso

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve determinar, em sessão do Congresso marcada para as 12h a instalação da CPMI. Pacheco vai ler o requerimento de abertura do colegiado e, depois disso, os líderes partidários irão indicar os integrantes.

O líder do governo no Congresso se reuniu com o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) nesta quarta-feira, no Palácio do Planalto, e tratou, entre outros temas, da CPMI. O senador, no entanto, não disse os nomes que serão indicados pelo governo e pela base aliada para o colegiado.

— Primeiro, é importante nós termos tranquilidade sobre a maioria. A maioria desta CPMI será pró-investigação. E tenho certeza que estamos convocando o melhor dos nossos times. A gente estava hesitando entrar em campo, mas já que estamos sendo chamados para entrar, tenho certeza que os jogadores serão os melhores — afirmou Randolfe.

Incialmente, o governo tentou barrar a instalação da CPMI dos atos de 8 de janeiro sob o argumento de que iria atrapalhar as pautas prioritárias para o Palácio do Planalto no Congresso Nacional e que o colegiado não seria necessário, uma vez que as autoridades competentes já investigavam os atos terroristas.

A divulgação das imagens do circuito interno de segurança do Palácio do Planalto, no entanto, criou uma “nova situação política”, segundo o ministro Padilha, e fez com que o governo orientasse os seus líderes da Câmara, José Guimarães, do Senado, Jaques Wagner, e do Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues, assim como os partidos da base aliada, a apoiarem a instalação da CPMI.

As imagens mostraram o então ministro Gonçalves Dias, do Gabinete de Segurança Institucional, e seus agentes no Palácio do Planalto durante a invasão sem apresentar resistência aos golpistas. Um dos militares, inclusive, aparece distribuindo água para os bolsonaristas. GDias, como é conhecido o ex-ministro, pediu demissão do cargo após a divulgação das gravações. O GSI é responsável pela segurança dos palácios presidenciais.

— Compreendemos que a CPMI pode dar uma contribuição muito importante para que a gente possa chegar nos financiadores, em agentes políticos que participaram da própria execução e dos mentores dos atos de 8 de janeiro — afirmou Randolfe nesta quarta-feira.

Randolfe também não indicou quais membros da gestão anterior serão convocados pela CPMI, mas citou a convocação do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, como algo “inevitável”. No dia dos ataques, Torres era secretário de segurança do Distrito Federal e estava nos Estados Unidos. Ao longo das investigações, a Polícia Federal encontrou uma minuta golpista para invalidar o resultado eleitoral na casa do ex-ministro durante uma operação.

Há, ainda, a expectativa de que o general Braga Netto, que foi ministro de Bolsonaro e o vice na sua chapa nas eleições do ano passado também seja convocado, assim como o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.

— Temos etapas. Primeiro, a leitura do requerimento, depois a indicação dos membros e ai vai ter um rol de nomes a serem convocados — afirmou Randolfe, completando: — Por óbvio, o ex-ministro da Justiça do governo anterior é um, por exemplo, que inevitavelmente tem que ser ouvido.

Randolfe ainda citou a formação de um grupo técnico com membros da Secretaria de Relações Institucionais e outros ministérios para dar “retaguarda” para a atuação dos parlamentares.

O Globo