Homem negro é acusado de novo por reconhecimento em foto
Aconteceu de novo: Danillo Felix é indiciado por reconhecimento de foto tirada de seu Instagram – Foto: Álbum de Família
Lembra-se do caso do Danilo Féllix, um jovem negro, morador de comunidade que em 2020 foi preso por reconhecimento de foto, levado para o galpão da Quinta da Boa Vista e absolvido em julgamento (na época, a própria vítima disse que não era ele)?. Pois bem: aconteceu de novo.
Aos 26 anos, Danilo está sendo novamente acusado por causa de… reconhecimento de uma foto tirada da rede social dele.Terça, agora, será realizada a audiência de instrução do processo, no Fórum de Niterói. A vítima do crime não foi convocada para fazer o reconhecimento presencial, levando Danilo e sua família a reviver toda a situação que julgavam superada. Os amigos de Danillo e movimentos negros estão convocando um protesto na hora da audiência, às 12h, em frente ao Fórum de Niterói, pedindo “Justiça para Danillo”.
“Está sendo muito difícil para mim e para minha família passar por tudo de novo. Só quero viver minha vida em paz”, afirma Danillo, que hoje trabalha como auxiliar administrativo no Centro de Referência em Assistência Social do bairro de Santa Bárbara em Niterói.
Toda essa confusão começou porque uma foto dele de 2017, extraída das redes sociais, foi parar no livro de reconhecimento que fica disponível para vítimas de crimes na 76ª Delegacia de Polícia Civil. Não se sabe como essa foto foi parar ali, já que Danilo nunca teve passagem pela polícia, até agosto de 2020, quando foi abordado na rua por policiais, acusado e preso por assalto.
Na época, Danillo permaneceu 55 dias na prisão, até que em 28 de setembro foi libertado e absolvido durante uma audiência de instrução no Fórum de Niterói. Ao vê-lo pessoalmente, a vítima do crime confirmou sua inocência. Em tempo: na foto arquivada na 76 DP, Danilo tinha o cabelo raspado. Quando foi preso usava dreadlocks. Ou seja, sua aparência era então completamente diferente do assaltante descrito pela vítima.
O Instituto de Defesa da População Negra (IDPN) assumiu a defesa do caso, e contestaram a acusação desses crimes. Mas o juiz manteve a denúncia. O caso de Danilo Félix não é único. De acordo com estudos do Colégio Nacional de Defensores Públicos Gerais (Condege), de junho de 2019 a março de 2020, ocorreram 58 erros de reconhecimento fotográfico. Todos os casos ocorreram no Rio de Janeiro. O preconceito racial também tem um peso forte nas prisões efetuadas injustamente e os números comprovam isso. Só no estado do Rio de Janeiro, 80% dos presos injustamente eram negros.