Lei para trabalho por aplicativo desagrada motoboys
Entregador do aplicativo iFood usa mascara em bicicleta na Av. Paulista em meio a crise de pandemia do novo coronavirus (Covid-19). 23/03/2020. Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO
As negociações propostas pelo governo para definir as diretrizes da regulamentação do trabalho por aplicativo esbarram em divergências sobre o vínculo das empresas com os trabalhadores. No último dia 10, uma reunião terminou em bate-boca entre sindicalistas durante a leitura de propostas do Dieese. O órgão foi incumbido pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, de reunir sugestões das centrais sindicais. A primeira versão do documento diz que entregadores podem prestar serviços como microempreendedores e autônomos, o que foi alvo de protesto de representantes de motoboys. “É preciso uma formalização via CLT, se não vamos atender aos interesses das empresas”, diz Gilberto dos Santos, presidente do Sindimoto.
CORTE. “A pauta é 90% convergente, mas há divisão entre quem trabalha em tempo integral, que quer ser CLT, e quem faz bico nos aplicativos, que quer ser autônomo”, diz o coordenador do Fórum das Centrais, Clemente Ganz Lúcio. Os sindicalistas veem convergência na previsão de acesso à Previdência e a equipamentos de segurança e seguro, providos pelas empresas.
LONGE. Com dados captados em pesquisa qualitativa, petistas querem que o governo dê atenção ao segmento. A leitura é que a classe do “bico moderno” se tornou parte relevante do eleitorado mas não se identifica com o PT, pois vê o partido ligado a trabalhadores com carteira assinada.
VIRA. “As centrais e o governo têm que virar a chave. O Conselhão já está nascendo velho, tem que pensar na nova realidade”, diz Jilmar Tatto, secretário de comunicação do PT. Não há trabalhadores de apps no Conselhão.