
Lula divide palanque com militares golpistas
General Tomás e demais comandantes em cerimônia do Dia do Exército: continência ao presidente Lula – Foto: Ricardo Stuckert/ Presidência da República
O comandante do Exército, general Tomás Miguel Paiva, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou mensagem de institucionalidade à tropa ao comparecer à cerimônia em comemoração ao Dia do Exército. A solenidade ocorreu no quartel-general do Exército, pouco mais de três meses após os ataques aos três poderes em 8 de janeiro.
Foi em frente ao QG que estava o acampamento de manifestação contra o resultado das eleições presidenciais, epicentro da trama golpista que resultou na invasão da sede dos Três Poderes no oitavo dia do mandato de Lula.
— Passou mensagem de institucionalidade à tropa. Foi muito importante ele ter vindo — afirmou o general Tomás ao GLOBO.
A presença de Lula em solenidade do Dia do Exército, data em que a instituição completa 375 anos, ocorre em meio a uma série de movimentos para distensionar a relação do Palácio do Planalto com a caserna.
No dia 2 de maio, Lula retornará ao QG do Exército para almoçar com Tomás Paiva e generais do Alto Comando, cúpula da força. O presidente almoçou com o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, e o almirantado em 15 de março e fará a mesma agenda com o comando da Aeronáutica.
Durante a solenidade, Lula foi recebido com honras de chefe de Estado e apresentado às tropas. Na leitura da Ordem do Dia, o comandante do Exército ressaltou que a instituição é “apolítica, apartidária e imparcial”, além de ressaltar o respeito “às instituições e Constituição” e “fé nos princípios democráticos”, gesto dado em direção a Lula e ao compromisso assumido com o Planalto de despolitizar o Exército.
— Ele (Lula) é o comandante supremo. Todo poder pode solicitar (as Forças Armadas), mas a ordem parte dele para o comando das Forças Armadas — disse o general.
Durante a cerimônia, o presidente dividiu o palco com bolsonaristas, como o general da reserva Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro, e a ex-oficial do Exército Silvia Waiãpi, ambos deputados federais da oposição.
Também estava presente o general da reserva e ex-comandante do Exército Eduardo Villas Boas, que foi assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Bolsonaro. Villas Boas é o autor de uma postagem no Twitter, na época que em era comandante do Exército, que falava em a “repúdio impunidade” antes do julgamento de um habeas corpus de Lula tinha.