Lula não quer que segurança transforme escolas em prisões

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Imagem: Reprodução/UOL

Em um discurso contra o armamentismo, o presidente Lula (PT) afirmou hoje que a solução para combater a violência nas escolas não é transformá-las em “prisões de segurança máxima”.

O que ele disse?

“Não vamos transformar nossas escolas em prisões de segurança máxima, não tem dinheiro para isso e nem é o politicamente, humanamente, socialmente correto”, afirmou o presidente em reunião hoje com chefes dos três Poderes, governadores e prefeitos no Palácio do Planalto para tratar da prevenção de ataques a escolas.

Nos discursos, o governo deixou claro que o foco será o combate ao que considera a “raiz do problema”, se voltando à internet e à questão armamentista. “A gente não vai resolver esse problema só com dinheiro, elevando o muro da escola, colocando detector de metais”, disse Lula

Presidente prestou solidariedade a famílias das vítimas do ataque a creche em Blumenau (SC). “Invadiram um lugar que é tido para nós com ou lugar de segurança. Toda mãe que leva a criança para a escola, ela tem certeza que o filho está seguro. Isso ruiu.”

Lula afirmou que o discurso de ódio na sociedade contribui para o ambiente de insegurança nas escolas. “Nós estamos colhendo o que a gente plantou, os discursos que são feitos por esse país afora. Há uma predominância do discurso de violência”, afirmou.

O que disseram os participantes?

“Eu fico imaginando como seria patético para os pais, para o prefeito, para o governador, para o presidente da República e para as instituições, uma criança de 8 anos ter que mostrar a mochila.” – Lula

“É falsa a ideia de que fiscalizar e regular a internet é contrária à liberdade de expressão. […] Todos os dias dezenas, centenas de vídeos de apologia a chacina em escola, isso é liberdade de expressão? Em qual país do mundo? Incentivos a automutilação de jovens, isso é liberdade de expressão? Em qual país do mundo? Apologia ao nazismo, isso é crime no Brasil!” – Flávio Dino, ministro da Justiça

O que não pode ser feito no mundo real, não pode no mundo virtual. É simples.”  – Alexandre de Moraes, presidente do TSE.

“Isso [crescimento dos ataques] é reflexo de uma situação que vivemos na nossa sociedade, que tem estimulado uma cultura de violência, de ódio e de intolerância.” – Camilo Santana, ministro da Educação

225 pessoas foram presas em prevenção a ataques

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou que 225 pessoas foram presas ou apreendidas nos últimos dez dias em casos relacionados a planos ou ações de violência no ambiente escolar.

Além disso, 1.224 casos estão em investigação em núcleos policiais de todo o território nacional.

Governo anunciou R$ 3,1 bi em medidas

  • Programas de formação para professores e gestores sobre proteção e segurança no ambiente escolar
  • Mais investimento para infraestrutura, equipamentos, formação e implantação de núcleos de apoio psicossocial nas escolas
  • Campanha de comunicação nacional para sensibilizar e orientar sobre o tema
  • Direcionamento de recursos da Assistência Primária a Saúde para cidades que aderirem ao programa Saúde na Escola, que também focará na saúde mental dos estudantes.

Discussão por segurança nas escolas mobiliza os 3 Poderes

Lula reuniu os chefes dos três Poderes, ministros, autoridades de todos os estados e alguns prefeitos no Planalto. É a segunda vez que as principais lideranças do país se juntam. A primeira vez ocorreu em 9 de janeiro, após os atos golpistas. Nesta manhã, participaram:

  • Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin
  • Rosa Weber, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal)
  • Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado
  • Alexandre de Moraes, presidente do TSE
  • Luiz Philippe Vieira de Mello, ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho)
  • Governadores ou vice-governadores das 27 unidades federativas
  • 8 ministros de Estado
  • Líderes do governo no Congresso, senadores Jaques Wagner (PT-BA) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o deputado José Guimarães (PT-CE)
  • Alguns prefeitos, representados por Edvaldo Nogueira, de Aracaju, presidente da FNP (Frente Nacional dos Prefeitos).

“Essa reunião só foi convocada porque eu não tenho a solução definitiva para esse caso. Quero compartilhar da sabedoria de vocês para que a gente construa a solução.” – Lula

O governador Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, e o prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt (Podemos), também compareceram. O administrador da cidade catarinense onde houve mais mortes em ataques a escolas foi chamado após ter reclamado publicamente de não ter sido convidado para o encontro.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que também expressou desconforto pela falta de convite dias atrás, também compareceu à reunião e defendeu o fortalecimento das delegacias de crimes cibernéticos. O governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi representado pelo vice, Felício Ramuth (PSD).

UOL