Republicanos quer filiação de ministra sem apoiar Lula

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Vice-Presidente da Câmara dos Deputados, Marcos Pereira, em sessão 29/03/2023 – Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), confirmou a intenção de filiar ao partido a ministra do Turismo, Daniela Carneiro. Deputada federal licenciada, a ministra faz parte de um grupo de parlamentares que tenta o aval da Justiça Eleitoral para sair do União Brasil. O partido presidido por Pereira se classifica como independe do governo federal, mas tem negociado cargos com o Palácio do Planalto. Mesmo se a ministra entrar na legenda, contudo, o dirigente partidário disse que a ideia é não aderir à base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

— Óbvio (que o Republicanos não considera Daniela uma indicação partidária), assim como o União Brasil já a considera cota do Lula — disse Marcos Pereira ao GLOBO.

Apesar de ter uma bancada com deputados dispostos a negociar com o Planalto, o Republicanos também abriga nomes de oposição e ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como a senadora Damares Alves (DF) e o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, ambos ex-ministros do governo anterior. Pereira também costuma dizer que o programa do partido não combina com o programa do governo de Lula, o que impediria uma aliança.

O prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro, conhecido como Waguinho, marido da ministra, se filiou ontem ao Republicanos e assumiu no mesmo dia a direção estadual do partido no Rio de Janeiro. Diferentemente dos deputados, Waguinho não precisa do aval da legenda ou da Justiça Eleitoral para trocar de sigla. A ministra e o prefeito apoiaram Lula no segundo turno da eleição presidencial. A filiação de Waguinho contou com a presença de deputados da base, como Washinton Quaquá (PT-RJ) e Dimas Gadelha (PT-RJ).

Em entrevista ao GLOBO, o presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), disse que vai tentar manter os parlamentares no partido, mas ressaltou que o Ministério do Turismo pertence à legenda e não a Daniela. Colegas de Bivar na Câmara, no entanto, negam que a ministra foi uma indicação partidária e não veem possibilidade de ela sair do ministério.

— Não acredito (em pressão para ela sair do cargo). Ela deve ir para o Republicanos, novo aliado do PT — declarou o deputado Danilo Forte (União-CE). Da mesma forma, o deputado Arthur Maia (União-BA) disse que a bancada se movimenta para tirar ela da pasta. — Não se tratou desse tema — afirmou. De acordo com ele, a ministra não foi indicada pelo partido e sua desfiliação não afetaria na presença no governo.

Adversários de Bivar no partido veem as declarações do presidente da legenda como uma forma de ele mesmo se colocar como opção para ser ministro do Turismo. Um parlamentar disse que o presidente da legenda agiu da mesma forma quando havia uma pressão para que Juscelino Filho, deputado licenciado do União Brasil do Maranhão, saísse do Ministério das Comunicações.

Os líderes do partido na Câmara, Elmar Nascimento, e no Senado, Efraim Filho, chegaram a divulgar uma nota se manifestando contra a saída de Juscelino do governo, mas Bivar não assinou. Juscelino é alvo de suspeitas de uso irregular de voos da Força Aérea Brasileira (FAB) e de usar emendas parlamentares para proveito pessoal quando era deputado.

Além de Daniela Carneiro, pediram na última quinta-feira a desfiliação da legenda os deputados Chiquinho Brazão, Juninho do Pneu, Marcos Soares, Ricardo Abrão e Danielle Cunha. Os parlamentares reclamam da tentativa de tirar Waguinho do comando do diretório estadual do União no Rio de Janeiro, corte de senha do diretório estadual, que permitia a destinação de recursos do fundo partidário e nomeação de comissões municipais provisórias.

Eles também acusam os dirigentes nacionais do União Brasil de negociarem cargos nas gestões do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e do prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), sem consultarem a bancada do estado no Congresso.

O Globo