Mercado financeiro está gostando de Haddad
Foto: Andressa Anholete/Bloomberg
A avaliação positiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), entre agentes do mercado financeiro mais do que dobrou depois da apresentação do arcabouço fiscal e passou dos 10%, registrados em março, para 26% em maio, segundo pesquisa Genial/ Quaest divulgada nesta quarta-feira (10).
De acordo com o levantamento, a avaliação negativa do trabalho do ministro da Fazenda pelo mercado financeiro oscilou de 38% para 37% entre março e maio. Já a avaliação regular caiu de 52% para 37% nesse período.
Os resultados estão na segunda rodada da pesquisa “O que pensa o mercado financeiro” feita pela Quaest no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O instituto de pesquisa ouviu gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão do mercado financeiro. Foram 92 entrevistas com fundos de investimentos com sedes em São Paulo e no Rio de Janeiro. O levantamento foi realizado entre os dias 5 e 8 de maio.
Dos entrevistados, 96% são a favor das renúncias fiscais propostas por Haddad e 4% são contra. A pesquisa mostra ainda que 70% acreditam que essa revisão vai impactar a arrecadação de maneira positiva, 27% acham que não vai ter impacto e 3% de uma forma negativa.
Apesar da melhora na percepção sobre o trabalho do ministro da Fazenda, a maioria dos entrevistados não tem uma boa visão sobre o governo Lula: 86% avaliam a gestão de forma negativa (eram 90% em março) e 12% analisam como regular (eram 10%), e apenas 2% consideram positiva.
Em relação ao novo arcabouço fiscal, 48% consideram negativo, 49% avaliam como regular e só 3% como positivo. O texto foi levado pelo presidente Lula e por Haddad ao Congresso no mês passado e está em tramitação.
Segundo a pesquisa, 90% afirmam que a política econômica está indo no caminho errado e 10% acreditam que está no rumo certo. Na rodada anterior, a percepção era ainda pior e 98% avaliaram que estava no caminho errado.
A perspectiva do mercado financeiro em relação ao futuro da economia no governo Lula também não é muito promissora, mas há uma leve melhora. E não há previsão de uma recessão neste ano.
Nos próximos 12 meses, 61% têm a expectativa de que a economia vai piorar (eram 78%), 26% acreditam que vai continuar da mesma forma (eram 16% em março) e 13% avaliam que vai melhorar (eram 6% na rodada anterior).
Questionados se o país corre risco de recessão, 60% afirmaram que não e 40% que sim. Na rodada anterior, o cenário era diferente: 73% achavam que o país corria o risco de recessão e 27% negavam essa possibilidade.
A ampla maioria dos entrevistados, 80%, acha que o governo não está preocupado com o controle da inflação e 20% consideram que há preocupação.
Entre março e maio, mudou a percepção do mercado financeiro sobre a capacidade de o governo Lula aprovar sua agenda no Congresso Nacional, segundo a pesquisa. Se em março 33% avaliavam que o governo tinha uma alta capacidade, agora são 10%. Aqueles que consideravam que a gestão tem uma capacidade baixa para aprovar projetos passaram de 20% para 39%. Já os que avaliam a capacidade do governo como regular oscilaram de 47% para 51%.
O mercado financeiro, segundo a pesquisa, avalia como certa a decisão do Banco Central (BC) de manter a taxa Selic em 13,75%: para 91% foi uma decisão acertada e para 9%, uma definição errada. Mesmo assim, a maioria diz que a taxa Selic deve cair ainda este ano (88% têm essa avaliação).