Movimentos golpistas abandonam Dallagnol

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Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

Deltan Dallagnol está conversando com movimentos de direita, como o Vem Pra Rua e o Movimento Brasil Livre (MBL), entre outros, em torno de uma reação à cassação de seu mandato, decidida na terça-feira (16) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas, segundo o Valor apurou, o agora ex-parlamentar e alguns líderes desses grupos avaliam que os ataques promovidos por bolsonaristas radicais no dia 8 de janeiro, em Brasília, tendem a desestimular protestos de rua a seu favor (e contra o Judiciário e o governo) neste momento.

“Eu acho que, no momento, não há clima para esse tipo de manifestação”, disse o deputado Kim Kataguiri (União-SP), um dos ícones do MBL. “Depois do que aconteceu no 8 de janeiro, as pessoas estão receosas.”

Kataguiri disse ter conversado com Dallagnol após a decisão do TSE e indicado a ele quatro caminhos a seguir neste momento: pressionar para que o parecer do corregedor da Câmara dos Deputados, Domingos Neto (PSD-CE), seja favorável a ele; apostar no recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF); estudar precedentes de parlamentares anistiados pela Câmara; e continuar mobilizando sua base, para que saiam às ruas quando houver clima.

Ainda assim, deve ocorrer uma manifestação no Paraná, onde Dallagnol recebeu mais de 300 mil votos, sendo o deputado federal mais votado no Estado em 2022.

Líder do movimento Olho no Congresso, que se diz “de apoio às pautas de Deltan Dallangol”, Cristina Leal avalia que as pessoas estão “acuadas e amedrontadas”. Mas diz que muita gente defende manifestações de rua e que isso será debatido com outros movimentos em uma reunião virtual nesta noite.

“Óbvio que as pessoas estão amedrontadas e acuadas. E, com certa razão, porque está acontecendo uma caça às bruxas. Infelizmente, alguns tribunais estão mirando a direita inteira, como se ser conservador ou de direita signifique ser um fanático, lunático, que promove quebra-quebra”, disse. “Mas muita gente está querendo que a gente vá para a rua. Vamos debater com outros movimentos sobre qual é o melhor momento, de que maneira e em que locais”, pontuou.

Embora outras fontes com quem o Valor conversou sob condição de anonimato também identifiquem receio na base sobre novos protestos, há quem defenda que eles devam acontecer neste momento. Esse é o caso da porta-voz do Vem Pra Rua, Luciana Alberto.

“Eu acredito que tem clima, sim [para manifestações]. Essa decisão representa um risco ao processo democrático”, disse ela. “A sociedade não pode ficar receosa, as ruas são um palco da sociedade. A gente não pode ficar com medo de lideranças públicas que eventualmente não concordem com pautas que são colocadas.”

Luciana afirmou ainda não ter receio de que os protestos sejam associados ao radicalismo bolsonarista porque o Vem Pra Rua “foi oposição ex-presidente Jair Bolsonaro”.

Valor Econômico