PSD está esvaziando PSDB

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Foto: Edilson Dantas

Legenda que já foi símbolo do antipetismo e representava a liderança da direita social liberal no país, o PSDB passa agora por uma desidratação que vem se acentuando ao longo dos anos: o partido perdeu espaço em São Paulo, Rio e Minas Gerais, os três maiores colégios eleitorais do país, sobretudo com avanço do movimento de desfiliações. Ex-tucanos têm trocado a legenda por outras da centro-direita, como o PSD de Gilberto Kassab. O cacique é titular da Secretaria de Governo de São Paulo, estado que foi comandado pelo PSDB por quase 30 anos e hoje está nas mãos do Republicanos, que elegeu Tarcísio de Freitas.

As desfiliações no partido começaram logo após a derrota nas eleições de 2022. O PSDB, que no estado elegera em 2020 um em cada quatro prefeitos, perdeu dois apenas nos primeiros cinco meses deste ano: Rubens Furlan, de Barueri, que ocupa o cargo pela quinta vez; e Hellen Rodrigues, de Avaí. O destino de ambos foi o PSD. A sigla de Kassab também levou do ninho tucano a senadora Mara Gabrilli, que disputou a vice-presidência ano passado — primeira vez em que o PSDB não indicou nome ao Planalto — na chapa da agora ministra Simone Tebet (MDB).

No Rio, a articulação de Kassab mirou dois deputados estaduais eleitos em 2018 pelo PSDB, Lucinha e Luiz Paulo. No ano passado, os dois deixaram a legenda no período da janela partidária e foram reconduzidos ao cargo, agora pelo PSD. Com isso, os tucanos ficaram sem representante na Assembleia do Rio (Alerj), já que não elegeram nenhum nome no ano passado. Também não há representantes fluminenses da sigla na Câmara dos Deputados.

Nomes da política do Rio, como o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia; o pai dele, o ex-prefeito e vereador do Rio Cesar Maia; e sua irmã, a deputada federal Daniela Maia, se filiaram ao PSDB no ano passado, mas vêm se afastando da legenda. Rodrigo chegou a liderar a legenda no estado, mas diante das derrotas de 2022, deixou de lado atividades partidárias para comandar a Confederação Nacional das Instituições Financeiras, entidade ligada ao mercado financeiro.

A perda de expressão ainda deixa integrantes do partido escanteados de cargos em altos escalões de gestões estaduais. Em São Paulo, sob Tarcísio, o fato é inédito. Por outro lado, o PSD de Kassab foi agraciado com duas secretarias: de Governo, do próprio Kassab, e de Saúde, de Eleuses Paiva.

O enxugamento das bancadas do PSDB no Rio, em Minas e São Paulo, contudo, não é um fenômeno recente. Em 2018, a legenda elegeu apenas sete dos 55 candidatos a deputado para a Assembleia paulista (Alesp) e seis, no caso de postulantes do estado ao cargo de deputado federal. Já em Minas, foram seis eleitos entre 26 candidatos à assembleia estadual. Na Câmara federal, foram cinco entre os 19 que disputaram a eleição.

No ano passado, o PSDB conseguiu nove cadeiras na Alesp e apenas três na Câmara dos Deputados foram ocupadas por tucanos de São Paulo. A queda, no entanto, foi mais expressiva em Minas: saíram vitoriosos das urnas um deputado estadual, Leonídio Bouças; e dois federais, Paulo Abi-Ackel e Aécio Neves. Em 2020, a legenda já havia feito no estado apenas um em cada dez prefeitos entre os 854 municípios.

O Globo