Afrontas de Heleno em CPI vão render processo

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Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O depoimento do general Augusto Heleno na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos terminou sem um ponto final. Após o militar defender o golpe de 1964, os deputados distritais de esquerda prometeram ações contra o militar que podem trazer novos capítulos da oitiva nos próximos dias. “O general Heleno cometeu crime na tribuna da Câmara Legislativa“, afirmou o integrante da CPI deputado Fábio Felix (Psol).

O ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) disse, nessa quinta-feira (1º/6), que “o movimento de 64 salvou o Brasil”. As declarações geraram revolta de parlamentares e deram início a um tumulto. Fábio Felix pediu ações de toda a oposição contra o que foi dito pelo depoente. “Nós queremos construir uma medida que seja séria em relação ao que ele fez aqui.”

A discussão começou após o deputado distrital Gabriel Magno (PT) fazer um discurso em defesa do sistema democrático e crítico às práticas da ditadura. “Em 64, vivemos um golpe violento que instaurou uma ditadura militar sangrenta no país, que matou, sequestrou, torturou, desapareceu e perseguiu opositores, durante 20 anos”, ressaltou.

Heleno retrucou: “Isso, na sua visão, deputado”. A partir de então, ambos discutiram no plenário da Câmara Legislativa. Magno citou que o Brasil não puniu “como deveria punir” os ditadores, pontuando que os fatos históricos não eram questão de opinião e que milhares de pessoas morreram. O general bufou ao microfone, ironizando: “Milhares?”.

No momento em que respondeu ao deputado, o ex-ministro de Bolsonaro defendeu o golpe militar de 1964. “As coisas são vistas de um lado, como sempre. O deputado acha que o movimento de 1964 matou mais de mil pessoas, o que não aconteceu. Acha que foi um movimento de vingança, de ódio, quando o movimento de 64 salvou o Brasil de virar um país comunista. Isso não teve nenhuma dúvida. Basta ler a história do Brasil, que esteve a um passo de virar um país comunista”, disse Heleno.

Na visão de Fábio Felix, essas declarações foram criminosas.

“É um ataque ao estado democrático de direito. Foi apologia à ditadura militar. Isso é inaceitável em uma Casa Legislativa. Nenhum parlamentar estaria sentado aqui se a ditadura fosse um movimento normal. Ele liquidou pessoas que morreram, foram assassinadas, com aquela fala absurda dentro de um parlamento.”

Ainda durante a sessão da oitiva da investigação dos atos de 8 de janeiro, quando bolsonaristas tentaram anular o resultado das urnas por meio da violência, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) fez mais defesas de apoiadores do ex-presidente.

O general Heleno rechaçou o uso da palavra “golpe”, alegando que “uma demonstração de insatisfação” não pode “se caracterizar como um golpe”, chamou de “narrativas fantasiosas” as alegações de que Bolsonaro e aliados queriam anular o resultado das urnas e avaliou que não era papel do Exército fazer manifestações públicas de reconhecimento do pleito democrático.

Metrópoles