Amanhã o Brasil começa a se livrar de Bolsonaro

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Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta quarta-feira de uma reunião no gabinete do seu filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no Senado. A visita ocorre no mesmo momento em que o advogado Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Supremo Tribunal Federal (STF), é sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.

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Na saída, Bolsonaro afirmou que foi tratar do julgamento de uma ação que pede sua inelegibilidade, marcado para começar na quinta-feira no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ex-presidente negou que a ida tenha relação com a sabatina.

— Amanhã é meu julgamento — justificou.

Bolsonaro também criticou uma possível diferença no tratamento do TSE, em relação ao julgamento da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer, em 2017.

— Será péssimo para a democracia se eu for julgado de forma diferente como foi a chapa Dilma-Temer em 2017.

Deputados federais aliados do ex-presidente, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Bia Kicis e Filipe Barros (PL-PR) também participaram da reunião, assim como o ex-ministro e ex-chefe de gabinete de Bolsonaro Célio Faria.

Antes da sabatina, Bolsonaro evitou criticar a indicação de Zanin ao STF e afirmou que a escolha do nome é prerrogativa do presidente da República. Seu partido, o PL, liberou a bancada.

Da oposição, o senador Jorge Seif (PL-SC) disse que aguarda a sabatina para saber qual é o posicionamento dele a assuntos caros à direita, como aborto e marco temporal, mas diz que ele “já é ministro”.

—Vamos ver o que ele responde para termos posicionamento. Mas independentemente do voto da oposição ele já é ministro e ninguém quer se indispor com quem vai ficar 28 anos como ministro—disse Seif ao GLOBO.

Ex-ministro de Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), reafirmou seu voto favorável a Zanin e disse que acredita que a sabatina será “tranquila”.

—Vamos ver se cumpre os requisitos, mas não vejo dificuldade da sua aprovação—disse Ciro.

Após ser questionado por senadores que participam da comissão, Zanin será submetido a uma votação no colegiado, composto por 27 senadores — o resultado, no entanto, será submetido ao plenário independentemente deste primeiro placar. No entorno de Zanin, a expectativa é por um placar em torno de 60 votos favoráveis — entre adversários do governo, a avaliação também é de um caminho sem sobressaltos. Levantamento feito pelo GLOBO na semana passada mostrou que o advogado já tem o endosso necessário do Senado.

Na sabatina na CCJ, Zanin deve enfrentar questionamentos principalmente do senador Sérgio Moro (União-PR), que integra o colegiado. O advogado e o ex-juiz federal estiveram em lados opostos na Operação Lava-Jato e agora voltarão a ficar frente a frente durante a sabatina. Advogado de Lula, Zanin atuou nos processos do petista no âmbito da Lava-Jato. Moro já disse, por exemplo, que a indicação “fere o espírito republicano”.

Zanin tem 47 anos e é especialista em direito criminal, além de atuar no direito econômico, empresarial e societário. Natural de Piracicaba, no interior de São Paulo, Zanin e sua esposa, Valeska Teixeira Zanin Martins, atuam na defesa de Lula desde 2013 e respondem pelo presidente em todos os processos criminais contra ele. O advogado ganhou projeção justamente pelo seu trabalho durante a Operação Lava-Jato, quando defendeu o presidente e conseguiu anular as condenações.

O Globo