Bolsonaristas apostam em fake news e vitimização contra TSE

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Foto: Sergio Lima

Nas redes sociais, outrora um terreno em que a extrema-direita bolsonarista navegava com muito mais tranquilidade, o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi marcado por “fake news” requentadas sobre as urnas eletrônicas e a antecipação de um discurso de que o político é vítima de perseguição política.

Mas o campo de esquerda, que apoia o governo Lula, apesar de mobilizar um menor número de perfis, conseguiu pautar a discussão nas redes, segundo monitoramento realizado nas plataformas digitais nessa quinta-feira pela Escola de Comunicação Digital da Fundação Getulio Vargas.

O julgamento foi a principal pauta do dia na internet, superando outros temas também quentes, como a reunião no Congresso da CPMI do 8 de janeiro que ouviu um bolsonarista preso por colocar explosivos num caminhão perto do aeroporto de Brasília, no ano passado (ver página A7).

“Entre os apoiadores do ex-presidente, cinco grupos com características distintas totalizam 49,3% dos perfis demonstrando apoio ao presidente, repercutindo seu apoio popular e reforçando a narrativa de perseguição”, diz trecho do levantamento da escola da FGV.

Os filhos do ex-presidente, por exemplo, usaram as redes para questionar a imparcialidade dos sete ministros do TSE que estão julgando o pai. A tendência é que a Corte Eleitoral declare Bolsonaro inelegível, o que o impediria de disputar eleições até 2030. A dúvida diz respeito a dois dos sete ministros: Nunes Marques, ministro do Supremo Tribunal Federal indicado por Bolsonaro, e Raul Araújo, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), visto pelos pares como conservador.

Apoiadores do ex-presidente, em especial parlamentares do PL, que chegou a receber multa milionária da Justiça Eleitoral por questionar o resultado do segundo turno do pleito passado, tiveram maior projeção em especial no Twitter. No caso do Facebook, segundo a FGV, as publicações pró e contra Bolsonaro ficaram no mesmo patamar.

Técnicos do TSE já tinham identificado a volta de antigas “fake news” sobre as urnas eletrônicas. A mobilização, contudo, ficou só no campo digital. No prédio da Justiça Eleitoral, em Brasília, não apareceu nenhum apoiador de Bolsonaro.

Valor Econômico