Bolsonaro acusa Lupi de querer voto impresso, mas ele não era presidente

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Foto: Reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recuperou um vídeo do ministro da Previdência e presidente licenciado do PDT, Carlos Lupi, para criticar o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pode torná-lo inelegível por oito anos. Na publicação, divulgada nesta quarta-feira, 28, o ex-chefe do Executivo exibe a declaração de Lupi defendendo o voto impresso para recontagem de votos.

O PDT é o autor da ação que alega que Bolsonaro usou o cargo e a estrutura do governo para espalhar informações falsas sobre o processo eleitoral e para fazer campanha em reunião com embaixadores estrangeiros em julho de 2022, enquanto ainda era presidente.

Nesta terça-feira, 27, o ministro Benedito Gonçalves, relator do caso no TSE, votou pela inelegibilidade de Jair Bolsonaro. Em três horas de leitura dos argumentos, afirmou que o então chefe do Executivo difundiu “pensamentos intrusivos a respeito de fraudes eleitorais imaginárias” e que existiu um “flerte perigoso com o golpismo”.

 

“No dia de ontem, 27 de junho, o senhor ministro Benedito Gonçalves, relator, deu seu voto para minha inelegibilidade por oito anos, sob a acusação de abuso de poder político em uma reunião com embaixadores. Agora, o autor da ação é o senhor Carlos Lupi, presidente do PDT, e atual ministro da Previdência Social do Lula. Veja o que ele disse há poucos meses sobre esse mesmo assunto”, em vídeo publicado nesta quarta nas redes sociais.

O vídeo ao qual Bolsonaro se refere foi publicado por Lupi em fevereiro de 2022 nas redes sociais. Nele, o ministro de Lula diz que defende a recontagem de votos para evitar fraudes eleitorais. “Desde o surgimento da urna eletrônica a 25 anos atrás, nosso líder, nossa referência no partido, Leonel de Moura Brizola, já defendia uma coisa simples de se fazer, a impressão do voto. (…) Sem a impressão do voto não há possibilidade de recontagem. Sem recontagem, a fraude impera”, disse, na ocasião.

O caso em análise pelos sete ministros do TSE investiga se houve abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação por Bolsonaro para obter benefícios na eleição de 2022. O então presidente reuniu embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, em 18 de julho de 2022, para atacar, sem provas, o sistema de votação eletrônico brasileiro.

O PDT afirmou que, embora Bolsonaro não estivesse em campanha, seu discurso teve finalidade eleitoral. Aos mais de 70 diplomatas, o então presidente atacou a credibilidade do processo de votação e o TSE, dizendo que o sistema eleitoral brasileiro é “completamente vulnerável”. O discurso foi publicado em canais oficiais de imprensa.

De acordo com o TSE, suspeitas de fraude nas urnas eletrônicas foram frequentes desde o início do uso do sistema, mas que “nenhum caso, até hoje, foi identificado e comprovado” e que órgãos como o Ministério Público e a Polícia Federal “têm a prerrogativa de investigar o processo eleitoral brasileiro e já realizaram auditorias independentes”.

Estadão