Comandante da PM no DF culpa PRF por inação em 8/1

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Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O atual comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Klepter Rosa Gonçalves, se defendeu por não ter deixado a tropa da corporação de prontidão diante das ameaças do 8 de janeiro. Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa, nesta quinta-feira (15/6), ele responsabilizou a falta de informações do Departamento de Operações (DOP) pela decisão.

Na data da tentativa de golpe, Klepter era subcomandante-geral da PMDF. Ele confirmou que sugeriu deixar a tropa de sobreaviso, não prontidão. No sobreaviso, os militares que não estavam escalados para a ação ficaram em casa e só depois foram acionados e começaram a se deslocar para a Esplanada.

“Perguntei ao coronel Fábio Augusto se não era viável deixar a tropa de sobreaviso, cientes que poderiam ser escalados a partir das 7h da manhã, para que eles já estivessem em condições de se deslocar para o Batalhão, assim determinado, para assumir a missão, porque haveria a possibilidade de necessidade de emprego maior ao longo do dia”, disse.

Klepter também defendeu que não havia previsão de horário da descida dos manifestantes para a Esplanada, ou sequer se iriam, de fato, descer, e que “não dava para deixar o efetivo de prontidão permanente”.

“Se eles entram em prontidão a partir de sábado, a partir de sexta, e domingo de manhã direto, e esse efetivo fica na prontidão, primeiro, o efetivo que está na folga, que está de serviço voluntário, não seria empregado no serviço voluntário, que reforça o policiamento na cidade. Segundo, se eles permanecessem e a gente precisasse de efetivo a noite, se a manifestação progredisse no período da tarde, da noite, qual tropa que a gente faria rendição de quem já estava no serviço de rua?”, questionou.

O atual comandante-geral da PMDF responsabilizou o Departamento de Operações afirmando que faltou o repasse de informações precisas.

“A primeira medida é deixar de sobreaviso, porque nós ainda não temos a solicitação do DOP para emprego no horário X, na missão Y, no local Z. Faltou essa informação. Se o DOP tivesse solicitado que precisava de efetivo, com a confirmação de que a manifestação ocorreria, desceria para a Esplanada e precisaria desse efetivo no período da tarde, com certeza a orientação teria sido para que o efetivo ficasse de prontidão nesse horário. Essa é a diferença da prontidão. A prontidão nós já temos um fato específico, que vai acontecer em tal horário. E fazemos o emprego da tropa de prontidão.”

Questionado pelo presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), quem foi o responsável pelo emprego do baixo efetivo de policiais no 8 de janeiro, Klepter foi enfático: “O efetivo empregado foi aquele que o DOP determinou que fosse empregado, chefiado pelo coronel Paulo José. Ele é o responsável”.

O depoente também chegou a avaliar que, hoje, após toda a avaliação do dia da tentativa de golpe, considera que “o efetivo deveria ter sido maior”. Em outro momento, ele pontuou que esse é o menor efetivo da história da PMDF. Sobre não ter deixado a tropa de prontidão, ele admitiu que teria dado essa determinação “se soubesse o que ia acontecer”.

Paulo José era o comandante do DOP no 8/1, substituindo o coronel Jorge Eduardo Naime, que chefiava o departamento, mas estava de férias. Paulo também foi convocado para prestar esclarecimentos na CPI, principalmente após ser apontado como o responsável por abrir a Esplanada antes da manifestação. Ele entregou um atestado psiquiátrico e adiou o depoimento, ainda sem data marcada.

Já Klepter assumiu o cargo após o ex-interventor federal da segurança pública na capital, Ricardo Cappelli, exonerar o coronel Fábio Augusto Vieira. A movimentação ocorreu depois dos ataques terroristas cometidos por bolsonaristas contra as sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.

Metrópoles