Lula não se encontrará com primeira-ministra italiana

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Foto: EPA-EFE/REX/Shutterstock

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega à Itália nesta terça-feira (20/6) para uma visita de Estado, mas não se encontra com a primeira-ministra, de direita radical, Giorgia Meloni, alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A justificativa, segundo assessores próximos de Lula, é que não havia compatibilidade de agendas — Meloni está na França para apoiar a candidatura de Roma como sede da Expo Mundial de 2030 e deve se encontrar com o presidente francês, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa.

Na quarta-feira (21/6), Lula irá ao Vaticano onde será recebido pelo papa Francisco.

Grande vencedora das eleições italianas no ano passado, Meloni, de apenas 46 anos, conseguiu levar seu partido Irmãos da Itália das margens para o centro político em apenas uma década.

Seu partido, o mais votado na Itália, tem suas raízes fincadas no fascismo e recuperou o lema que popularizou o “Duce”, como o ditador facista Benito Mussolini (1883-1945) era conhecido: “Deus, pátria e família”.

A BBC News Brasil contatou assessores da primeira-ministra italiana bem como de seu partido, mas não obteve resposta até a conclusão desta reportagem.

A chegada de Lula ao aeroporto Ciampino Militare, em Roma, está prevista para as 14h (9h de Brasília). Ele deve ir direto ao hotel e não está prevista declaração à imprensa.

Mais tarde, ele se encontra com o sociólogo de esquerda Domenico de Masi.

Autor do best-seller O Ócio Criativo (Sextante) e fluente em português, De Masi é professor emérito de sociologia do trabalho na Universidade La Sapienza, em Roma, e uma das maiores referências internacionais em sociologia do trabalho.

Próximo a Lula, ele o visitou na prisão em Curitiba.

Na quarta-feira, Lula se encontra com o presidente da Itália, Sergio Matarella, no Palácio do Quirinal, residência oficial do presidente italiano.

Diferentemente do Brasil, a Itália é uma república parlamentar — nesse sistema político, o presidente tem funções cerimoniais, enquanto que o primeiro-ministro, no caso, Meloni, é quem dá as cartas dos rumos do país.

Em seguida, Lula se encontra com o papa Francisco. Ele e a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, vão ter uma audiência privada com o pontífice. O encontro tratará de “paz, desigualdade e combate à fome”, segundo o governo brasileiro.

O presidente também já disse que vai repetir o convite a Francisco para vir ao Brasil, acompanhar o Círio de Nazaré, uma das maiores manifestações católicas do mundo, realizada em outubro, em Belém (PA).

O pontífice já fez diversas declarações de apoio ao petista, especialmente quando o presidente estava preso. Disse, por exemplo, que o julgamento que o levou à prisão começou com notícias falsas. Falou ainda que Lula foi condenado injustamente e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que comanda atualmente o Novo Banco de Desenvolvimento (“Banco dos Brics”), tem “mãos limpas”.

Após o encontro com o papa, Lula se reúne com o arcebispo Edgar Peña Parra, da Secretaria de Estado do Vaticano, o equivalente ao Ministério das Relações Exteriores no Brasil.

No fim do dia, o presidente se encontra com o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri. Gualtieri é próximo a Lula e também o visitou na prisão em Curitiba, quando ainda era eurodeputado.

Lula e Gualtieri devem fazer uma declaração à imprensa e, em seguida, participam de um jantar privado.

Na quinta-feira pela manhã, Lula deve falar com jornalistas brasileiros e depois viaja à França.

Em Paris, Lula participa de uma cúpula sobre financiamento global, na qual deve discursar no encerramento, e se encontra com o presidente francês, Emmanuel Macron.

Segundo o Itamaraty, estão previstas discussões sobre meio ambiente e mudanças climáticas, a cúpula da Amazônia em Belém, para a qual Macron foi convidado; a reunião de líderes da União Europeia-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e também o acordo comercial da UE com o Mercosul.

Também na capital francesa, Lula deve discursar no Power Our Planet a convite do vocalista do Coldplay, Chris Martin. O evento busca aumentar a conscientização sobre a necessidade proteção ao meio ambiente e levantar recursos para combater a crise climática e problemas sociais.

Correio Braziliense