Ministro dos Direitos humanos pede cassação de deputado racista

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Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Três deputadas federais acionaram nesta quarta-feira (28) o Conselho de Ética da Câmara contra o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) por falas consideradas racistas e preconceituosas ditas pelo parlamentar sobre povos africanos. O Ministérios dos Direitos Humanos também acionou autoridades.

Em entrevista recente a um podcast, Gayer relaciona o quociente de inteligência (QI) de africanos a ditaduras, faz um paralelo com população brasileira e com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Aí você vai ver na África: quase todos os países são ditaduras. Quase tudo lá é ditadura. Democracia não prospera na África. Por quê? Para você ter democracia, é preciso ter o mínimo de capacidade cognitiva para entender o bom e o ruim, o certo e o errado”, afirmou o deputado. “O Brasil está desse jeito. O Lula chegou à presidência e o povo burro: “ê, picanha, cerveja!”, complementou.

A primeira a se manifestar contra as declarações foi Duda Salabert (PDT-MG). “A Câmara não pode ser espaço para racista! Deveria ser preso além de perder o mandato”, escreveu em suas redes.

O pedido ao Conselho de Ética da Câmara foi apoiado também pelas deputadas Tabata Amaral (PSB-SP) e Carol Dartora (PT-PR). “Dizer que o povo africano tem ‘falta de capacidade cognitiva’ é racismo escancarado”, afirmou Tabata.

Por meio de suas redes sociais, o deputado rebateu que sua fala seja racista e prometeu processar Duda Salabert. “Vocês veem racismo em tudo”, reagiu. Ao falar sobre o QI de africanos, o deputado disse que fazia referência à subnutrição existente no continente e à falta de educação de qualidade por que ditadores fazem “questão de emburrecer a população” para se manter no poder. O deputado se queixou que esses trechos não foram exibidos pelas deputadas em suas redes ao criticá-lo.

No início da noite, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, encaminhou o conteúdo da entrevista ao Ministério da Justiça, à Polícia Federal, à Câmara dos Deputados e à Procuradoria-Geral da República. “A imunidade parlamentar não é escudo para quem pratica crimes”, escreveu o ministro em suas redes.

 

Valor Econômico