Minutas golpistas de Cid e Anderson Torres se completam

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Foto: Caio Rocha/iShoot/Agência O Globo

Uma reportagem que é capa da revista Veja, assinada por Robson Bonin com participação de Marcela Mattos e Laryssa Borges, mostra o roteiro do golpe encontrado no celular de Mauro Cid, pessoa de total confiança de Jair Bolsonaro, o faz tudo que ficava ao lado dele em todas as lives e que o presidente considerava como filho.

Esse roteiro dá concretude à minuta do golpe encontrada no armário do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, com detalhes do que se queria fazer a partir de conversas de Cid com um coronel que tinha uma posição muito importante, Jean Lawand, subchefe do Estado Maior do Exército.

A ideia era declarar que o presidente da República considerava que as decisões do TSE seriam inconstitucionais e que pedia intervenção. Um interventor militar assumiria então a Justiça eleitoral, exatamente como está na minuta do golpe.

Iam dar prazo para se restabelecer a ordem constitucional, e afastar ministros que teriam cometido as alegadas inconstiucionalidades: no lugar de Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski e Carmen Lúcia, entrariam André Mendonça, Nunes Marques e Dias Toffoli.

O interventor suspenderia todos os atos do TSE que consideram inconstitucionais e o Senado iria julgar os transgressores, os ministros do TSE afastados. E o interventor convocaria novas eleições.

A partir dessa reportagem da Veja, que traz mais um dado importante, fica claro que o 8 de janeiro não foi um raio em um céu azul, mas a ponta de uma história construída durante o governo Bolsonaro. Isso é importante ter em mente no julgamento da inegibilidade ou não do ex-presidente, porque deixa claro o tamanho da conspiração.

O coronel Jean Lawand foi nomeado por Lula para ser adido militar em Washington, certamente a pedido do próprio Exército, mostrando mais uma vez um comportamento estranho da força.

Por que não aconteceu, se estava tudo preparado?

Há um pedaço do diálogo da reportagem em que se diz que o presidente estava em dúvida se o Alto Comando iria seguir a trama. Entre eles, dizem que o Alto Comando poderia ter dúvidas, mas que os generais de divisão estavam alinhados com a tentativa de golpe.

Passamos muito perto, foi por um triz. Mas o que precisa ser mostrado claramente é o que o ex-presidente Bolsonaro soube e participou de tudo. Mauro Cid era unha e carne com ele, e certamente era a voz do ex-presidente.

É chocante o envolvimento de militares de alta patente do Exército nessa conspiração. Mostra o quanto o Exército foi contaminado pelas ideias golpistas e anti democráticas do governo.

Houve uma conspiração com participação de setores das Forças Armadas, e se o país não entender isso, ainda corremos riscos no Brasil.

O Globo