Moro se isola em seu partido ao se opor a Lula

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Foto: FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O governo Lula articula uma reforma ministerial para tentar sanar a crise com o União Brasil na Câmara. No entanto, a bancada do partido segue rachada, e o Palácio do Planalto terá o desafio de conquistar a ala pragmática da sigla. Para isso, terá que injetar dinheiro em prefeituras por meio de ministérios comandados por aliados, via repasses por emendas. Mesmo se ocorrer a troca no ministério do Turismo, não haverá unidade na bancada em favor de Lula. A possível saída de Daniela Carneiro (União-RJ) para a entrada do deputado Celso Sabino (União-PA) tem a bênção dos deputados do partido. Mas o apoio total ao governo não virá, e esse cenário é consenso dentro da legenda, segundo fontes ouvidas pelo UOL.

Entre os 59 deputados, há cerca de 20 já definidos como oposição ao governo — e isso não deve mudar. A decisão de manter o partido como independente à gestão petista dá a prerrogativa de haver dissidências das bancadas na Câmara e no Senado. Kim, Mendonça Filho e Moro votam contra o PT. Por exemplo, na Câmara, os deputados Kim Kataguiri (SP) e Mendonça Filho (PE) discursam e votam abertamente contra o Executivo. É o mesmo caso de Sergio Moro (PR) no Senado. Dos 39 deputados restantes, há outros 20 que já estão alinhados ao governo, conforme interlocutores. Os 19 restantes ainda avaliam como irão se posicionar em relação ao governo. Eles são considerados integrantes da “ala pragmática” da sigla.

O deputado Moses Rodrigues (União-CE) afirma que há uma insatisfação com o governo Lula desde a formação dos ministérios. E que na época houve um “estremecimento” pela não indicação do líder da bancada, Elmar Nascimento (BA). Deputados querem um ministério para Sabino. Rodrigues avalia que, com a perspectiva de saída de Daniela do Waguinho do governo, a bancada “se sente mais contemplada e confortável se o nome do deputado Celso Sabino fosse levado ao Planalto — e não falo exclusivamente do Turismo”. Caciques da sigla explicam que a reforma ministerial é um aceno à Câmara. E que “todos os deputados querem um ministro para chamar de seu”. Entretanto, o Executivo terá que reformular o sistema de funcionamento do ministério. Ou seja, não bastaria trocar o ministro. Os pedidos dos parlamentares teriam que ser atendidos com emendas enviadas aos redutos eleitorais. O centrão aponta que o orçamento anual do Turismo — de cerca de R$ 2 bilhões — é relativamente baixo. E gostaria de negociar, junto à pasta, o comando da Embratur, hoje com o PT. A Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo atualmente é gerida pelo ex-deputado Marcelo Freixo (PT-RJ). A Embratur também não é recheada de recursos, mas tem muitos cargos disponíveis, que poderiam ser ocupados por aliados do grupo.

No Senado, o cenário é diferente, com apoio ao governo Lula. Apesar de assumir um perfil independente, os parlamentares formam maioria para votar a favor das matérias importantes para à gestão petista, como a MP dos Ministérios. Só Moro é oposição declarada. A bancada do União tem nove senadores, e apenas o ex-juiz é abertamente um adversário do governo do PT. O equilíbrio na bancada vem da liderança exercida pelo senador Davi Alcolumbre (AL), que é um dos aliados de Lula na Casa. Ele conseguiu emplacar duas indicações para compor a Esplanada: Waldez Góes (Integração e do Desenvolvimento Regional) e Juscelino Filho (Comunicações).

Uol