Mundo cai a uma semana do julgamento de Bolsonaro

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Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A seis dias, seis ou cinco horas, não sei quantos minutos e segundos (confira na contagem regressiva postada neste blog) do início do seu julgamento pelo Tribunal Superior Eleitoral, marcado para a próxima sexta-feira, dia 22, o ex-presidente Jair Bolsonaro parece conformado com a cassação dos seus direitos políticos.

“A vida de candidato ao Executivo não é fácil […] Tenho mais de 500 processos, mais como gestor. Acho que contribuí bastante para o futuro do meu país, juntamente com muitos de vocês, e posso contribuir ainda, aconteça o que acontecer”. Palavras de Bolsonaro. Foi aconselhado por advogados a calar-se.

Salvo se o ministro Kassio Nunes Marques pedir vista do processo, adiando o julgamento, o placar será de 6 a 1 ou de 5 a 2 pela condenação de Bolsonaro. Ele é acusado de ter cometido abuso de poder político e atos hostis à democracia quando reuniu em julho de 2022 dezenas de embaixadores no Palácio da Alvorada.

Na ocasião, em evento transmitido pela televisão estatal (daí o abuso do poder político), ele apresentou falsas teorias sobre a insegurança das urnas eletrônicas e atacou ministros do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal (daí os atos hostis à democracia). Responde a mais 15 processos.

Em situação pior está Donald Trump, em quem Bolsonaro se espelha. Trump enfrenta 37 acusações relacionadas ao manuseio incorreto de documentos secretos, incluindo 31 acusações sob um estatuto da Lei de Espionagem referente à retenção de informações de defesa nacional.

Pela primeira vez na história dos Estados Unidos, um ex-presidente se entregou à justiça federal e foi fichado. Acontece que mesmo que condenado e preso, Trump poderá disputar as próximas eleições. Caso as vença, será curioso vê-lo governar de dentro da cadeia. No seu país não há lei como a da ficha limpa.

Os partidários de Trump estão furiosos e em campanha para o reeleger. Os de Bolsonaro, pelo menos até aqui, estão silenciosos e inativos. A extrema-direita não deixará de existir com o provável naufrágio do seu guia. Mas a direita dita civilizada celebrará a chance de disputar a eleição de 2026 com outro nome.

O bolsonarismo está aos cacos. Tem a ala dos presos (Mauro Cid, Daniel Silva e Roberto Jefferson, entre outros). Tem a ala dos que viraram réus (mais de mil participantes da tentativa de golpe do 8/1). Tem a ala dos ressentidos (os ex-ministros Ricardo Salles e Abraham Weintraub). E tem a ala dos desamparados (são muitos).

Sem falar da ala dos que passaram a se desentender em público. Ciro Nogueira (PP-PI), ex-chefe da Casa Civil de Bolsonaro, chama de “louca” a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Que devolve lembrando que Nogueira era chamado de “Helicóptero do Cerrado” por delatores da Operação Lava-Jato.

Basta? Não. O senador bolsonarista Marcos do Val (Podemos-ES) foi alvo, ontem, da Polícia Federal que apreendeu seu celular e documentos. É investigado por tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta de governo legalmente constituído, associação criminosa e divulgação de informações sigilosas.

Metrópoles