Relator da CPI do MST invadiu residências de sem-terra
Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) acionou o Ministério Público Federal (MPF) contra o relator da CPI do MST, o deputado Ricardo Salles (PL-SP). De acordo com a parlamentar, o bolsonarista teria cometido os crimes de abuso de autoridade, advocacia administrativa e invasão de domicílio na primeira diligência feita pelo colegiado na região em municípios do Pontal de Paranapanema, em São Paulo, no mês passado, em requerimento protocolado por Gustavo Gayer (PL-GO).
Na representação, ao qual o GLOBO obteve acesso, a deputada afirma que Salles aderiu comportamento abusivo com os assentados que estavam no local :
“O relator, deputado Ricardo Salles, se deslocou pelo acampamento e abordou famílias de acampados de forma abusiva, afirmando que o local se tratava de uma área privada e que a proprietária o acompanhava, numa suposta prática do delito de advocacia administrativa”, diz trecho do documento.
A parlamentar questiona ainda a postura dos deputados em ter filmado as casas dos assentados: “Durante a visita, membros da CPI e seus assessores filmaram e entraram em barracos sem autorização expressa dos seus ocupantes ou mediante intimidação, haja vista a presença ostensiva de dezenas de policiais militares”.
Por este motivo, Sâmia solicita ao MPF a instauração de procedimento que apure os registros feitos pelos parlamentares no local. A deputada acusa Salles de abuso de autoridade por supostamente ter violado domicílio e advocacia administrativa por ter defendido que o local já tinha proprietária.
De acordo com a psolista, Maria Nancy Giuliangeli, que estava na comitiva não consta como proprietária da Fazenda Santa Mônica no Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) perante o INCRA.
Além de Salles, os parlamentares Coronel Zucco (Republicanos-RS), Caroline de Toni (PL-SC), Lucas Bove (PL-SP), Magda Mofatto (PL-GO) e Messias Donato (Republicanos-ES) também são citados nominalmente na representação.
Procurado pela reportagem, Ricardo Salles afirmou que não houve invasão: “Isso (o acionamento ao MPF) é ela (Sâmia Bomfim) tentando holofote”.