Aras abre investigação sobre “sabotagem” a si mesmo

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Enquanto tenta angariar apoios para ser reconduzido ao cargo, o procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que vem sendo alvo de uma suposta “sabotagem” dentro do Ministério Público Federal (MPF). Em entrevista ao portal Consultor Jurídico (Conjur), ele relatou problemas como “apagões em repartições específicas do órgão durante reuniões consideradas importantes e instabilidades em serviços informatizados”, entre outras situações.

— Há evidente sabotagem. Tentam apagar todos os registros da nossa administração. As críticas em tempos de sucessão na PGR são comuns, mas estou sendo sabotado há cerca de 60 dias. Todo dia há problemas que ninguém sabe quem criou — disse Aras, sem, contudo, ter apresentado provas do possível boicote.

Um dos episódios citados na reportagem ocorreu em 28 de junho, quando a energia teria caído durante uma reunião entre procuradores, diretores do Banco Central e representantes do mercado financeiro. Ao Conjur, o procurador-geral informou que determinou a abertura de uma investigação interna para apurar as suspeitas de sabotagem.

Nas últimas semanas, Aras vem se encontrando com políticos e pessoas ligadas ao governo para tentar se cacifar a uma recondução ao posto. Ele assumiu a PGR em 2019 por escolha do ex-presidente Jair Bolsonaro, numa indicação feita for da tradicional lista tríplice definida pelo MPF. Em 2021, ele foi reconduzido ao cargo para o atual mandato, que vai até setembro. Em tom de campanha, Aras enumerou o que vem fazendo na PGR:

— O orçamento é o mesmo há 20 anos. Usei para pagar frotas de helicópteros e lanchas para facilitar a locomoção em locais afastados, fizemos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos) no Brasil inteiro, todos providos de servidores. Estamos aumentando a presença da PGR na Amazônia para combater crimes ambientais, o crime organizado e os crimes contra povos originários — disse.

Recentemente, Aras ganhou elogios públicos de importantes caciques petistas. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), defenderam publicamente a atuação de Aras. Em entrevista ao GLOBO, o integrante da Esplanada disse que o procurador-geral teve a “virtude de enfrentar a avalanche de perseguição e o lava-jatismo”. O parlamentar, por sua vez, afirmou que Aras reduziu “excessos” e prestou um “serviço importante para o Brasil”. Uma ala do PT também avalia que ele jamais seria hostil a Lula, inclusive por uma questão familiar: Roque Aras, pai do procurador-geral, era filiado ao PT e foi candidato ao Senado na Bahia pelo partido.

A defesa da permanência, no entanto, tem pouca adesão no entorno de Lula e divide o próprio PT. Nos bastidores, o favorito, até o momento, é o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Branco.

O Globo