Bolsonaro perdeu no TSE e nas redes

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Foto: Cristiano Mariz

No dia em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou Jair Bolsonaro inelegível por oito anos, o discurso de apoiadores do ex-presidente em defesa da tese de perseguição diante do resultado na Corte perdeu destaque para publicações em tom de comemoração à decisão tomada nesta sexta-feira, entoada por perfis críticos a Bolsonaro.

Levantamento da Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV (ECMI/FGV) feito a pedido do GLOBO em publicações no Twitter e no Facebook mostra que mais da metade das interações no Twitter (51,5%) comemoravam o resultado do julgamento concluído pelo TSE. O monitoramento, feito até às 14h desta sexta-feira, quando o tribunal já tinha formado maioria pela condenação, mostra pouca alteração ante o levantamento anterior, que levou em consideração o período até o o terceiro dia de votação.

Os posicionamentos celebrando a inelegibilidade do ex-presidente foram levantados no Twitter, principalmente, por parlamentares de esquerda, como os deputados federas Sâmia Bomfim e Guilherme Boulos, ambos do PSOL em São Paulo, e a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). Esse grupo, que representa mais de 30% das interações na rede social sobre o tema, prega ainda que o resultado na Corte Eleitoral representaria apenas o começo de uma série de derrotas políticas que Bolsonaro poderia sofrer futuramente.

Durante o último dia de julgamento, sobretudo após o colegiado formar maioria pela condenação, celebridades e influenciadores começaram a comemorar o resultado ainda parcial da votação. Entre os nomes que se manifestaram, estão a atriz Leandra Leal e o influenciador Felipe Neto, que já criticaram publicamente o ex-presidente em outras ocasiões. Nas publicações, eles entoaram expressões como “grande dia”, que já foi usada por Bolsonaro nas redes em outras ocasiões.

Em movimento mais tímido no Twitter, reunindo 13,2% das interações até às 14h desta sexta-feira, no grupo de aliados do ex-presidente, que reúne de parlamentares a perfis de direita nas redes, forma-se o discurso de que Bolsonaro se tornaria um “mártir” com a decisão na Corte Eleitoral.

Eles defendem ainda que o julgamento teria tido cunho político e que significaria uma suposta influência política e vingança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eles ainda argumentam, nas publicações levantadas pelo monitoramento da ECMI/FGV, que o resultado representaria o “silêncio” do voto de milhões de brasileiros.

Um dos pontos do julgamento destacados pelas redes críticas ao ex-presidente foi o voto que formou maioria pela inelegibilidade de Bolsonaro por oito anos, proferido por uma mulher, a ministra Cármen Lúcia, única integrante feminina da composição titular do TSE no momento. O monitoramento da ECMI/FGV mostra que influenciadores mais ligados à esquerda chegaram a destacar trechos do voto da magistrada, complementados por memes e GIFs no Twitter.

A ministra foi a primeira a votar nesta sexta-feira e foi decisiva para que se formasse maioria favorável à inelegibilidade de Bolsonaro.

Enquanto as redes críticas ao ex-presidente comandaram o discurso no Twitter, figuras ligadas ao bolsonarismo dominaram as menções ao resultado do julgamento no TSE. O pico de citações ocorreu perto de 12h desta sexta-feira, horário em que o colegiado abriu os trabalhos na quarta sessão, com 989 menções. O número representa um salto significativo ante quinta-feira, quando os pesquisadores registraram pico de 360 menções.

Entre os aliados de Bolsonaro, se destacaram publicações das deputadas federais do PL Bia Kicis (DF) e Carol de Toni (SC), que em uma publicação classificou o resultado como “um dos episódios mais vergonhosos da história recente do Brasil”.

O Globo